São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONCORRÊNCIA

Lentidão gerou críticas

Governo quer acelerar as análises de fusões

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois das críticas que sofreu pela demora na análise de processos de fusão -em especial a operação Nestlé/Garoto-, o governo reagiu e decidiu acelerar a tramitação de atos de concentração importantes. A nova estratégia será inaugurada na análise da associação entre o grupo Pão de Açúcar e a rede Sendas.
"Vamos conferir prioridade aos casos relevantes. A crítica que foi feita ao sistema no caso Nestlé/ Garoto em parte é correta e em parte, não. É natural que alguns casos demorem muito tempo. O que não é possível é que todos os casos importantes levem muito tempo", declarou ontem o secretário de Acompanhamento Econômico, José Tavares.
Os órgãos de defesa da concorrência levaram dois anos para julgar a fusão da Nestlé/Garoto. A decisão final foi que a multinacional suíça deve vender todos os ativos da empresa brasileira.
Ontem, a Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) pediu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a adoção de uma medida cautelar para "congelar" a associação Pão de Açúcar/Sendas, que foi anunciada no final de 2003.
Se o pedido for aceito pelo conselho, as empresas não poderão modificar as estruturas logísticas e as condições e características do mercado em que atuam.
Na prática, não poderão fechar lojas ou depósitos nem demitir funcionários até que a operação seja julgada pelo Cade.
A Seae avalia que em 7 das 19 cidades em que a rede Sendas está presente houve concentração de mercado após a associação com o Pão de Açúcar. Em alguns municípios, a participação do grupo do empresário Abílio Diniz no mercado local chegou a 97,46%.
A solicitação da Seae agora será avaliada pelo relator do caso, conselheiro Roberto Pfeiffer. O despacho do relator será levado para o plenário do Cade. Não há prazo para isso ocorrer, mas geralmente as medidas cautelares são analisadas mais rapidamente.
Além da Seae e do Cade, o sistema de defesa da concorrência é composto ainda pela SDE (Secretaria de Direito Econômico), vinculada ao Ministério da Justiça.
De acordo com a Seae, a partir de agora todas as operações que envolvam alta concentração de mercado serão objeto de medida cautelar. Pela nova sistemática, os casos de grande porte também passarão a ser analisados on-line pela Seae e pela SDE.
Hoje, a Seae inicia a análise do caso e, somente depois que emite seu parecer, a SDE passa a avaliar a operação. "Para casos importantes, vamos criar uma espécie de blitz. Vamos ter uma interação on-line entre Seae e SDE", disse Tavares. Outra novidade, segundo o secretário, será a realização de reuniões com os presidentes das empresas envolvidas no caso. A eles, será solicitado que enviem imediatamente os dados necessários para apreciar a operação.


Texto Anterior: Dinheiro no bolso, comida no prato: Aumento da renda iria para alimentos
Próximo Texto: Subprocurador reclama de acesso a informação
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.