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CONCORRÊNCIA
Lentidão gerou críticas
Governo quer acelerar as análises de fusões
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois das críticas que sofreu
pela demora na análise de processos de fusão -em especial a operação Nestlé/Garoto-, o governo
reagiu e decidiu acelerar a tramitação de atos de concentração importantes. A nova estratégia será
inaugurada na análise da associação entre o grupo Pão de Açúcar e
a rede Sendas.
"Vamos conferir prioridade aos
casos relevantes. A crítica que foi
feita ao sistema no caso Nestlé/
Garoto em parte é correta e em
parte, não. É natural que alguns
casos demorem muito tempo. O
que não é possível é que todos os
casos importantes levem muito
tempo", declarou ontem o secretário de Acompanhamento Econômico, José Tavares.
Os órgãos de defesa da concorrência levaram dois anos para julgar a fusão da Nestlé/Garoto. A
decisão final foi que a multinacional suíça deve vender todos os ativos da empresa brasileira.
Ontem, a Seae (Secretaria de
Acompanhamento Econômico)
pediu ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
a adoção de uma medida cautelar
para "congelar" a associação Pão
de Açúcar/Sendas, que foi anunciada no final de 2003.
Se o pedido for aceito pelo conselho, as empresas não poderão
modificar as estruturas logísticas
e as condições e características do
mercado em que atuam.
Na prática, não poderão fechar
lojas ou depósitos nem demitir
funcionários até que a operação
seja julgada pelo Cade.
A Seae avalia que em 7 das 19 cidades em que a rede Sendas está
presente houve concentração de
mercado após a associação com o
Pão de Açúcar. Em alguns municípios, a participação do grupo do
empresário Abílio Diniz no mercado local chegou a 97,46%.
A solicitação da Seae agora será
avaliada pelo relator do caso, conselheiro Roberto Pfeiffer. O despacho do relator será levado para
o plenário do Cade. Não há prazo
para isso ocorrer, mas geralmente
as medidas cautelares são analisadas mais rapidamente.
Além da Seae e do Cade, o sistema de defesa da concorrência é
composto ainda pela SDE (Secretaria de Direito Econômico), vinculada ao Ministério da Justiça.
De acordo com a Seae, a partir
de agora todas as operações que
envolvam alta concentração de
mercado serão objeto de medida
cautelar. Pela nova sistemática, os
casos de grande porte também
passarão a ser analisados on-line
pela Seae e pela SDE.
Hoje, a Seae inicia a análise do
caso e, somente depois que emite
seu parecer, a SDE passa a avaliar
a operação. "Para casos importantes, vamos criar uma espécie
de blitz. Vamos ter uma interação
on-line entre Seae e SDE", disse
Tavares. Outra novidade, segundo o secretário, será a realização
de reuniões com os presidentes
das empresas envolvidas no caso.
A eles, será solicitado que enviem
imediatamente os dados necessários para apreciar a operação.
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