São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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"ZAQUEU"

PF indicia 33 pessoas por fraudes no Amazonas

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Federal no Amazonas indiciou 33 pessoas supostamente envolvidas em um esquema de fraudes na fiscalização trabalhista de empresas, desbaratado em uma operação realizada no início do mês. Dos acusados, 11 são auditores fiscais.
Os outros 22 indiciados citados no relatório final da Operação Zaqueu, apresentado ontem, são ligados a empresas que teriam se beneficiado do esquema. Dois deles são executivos da empresa sul-coreana LG Eletronics da Amazônia, que produz televisores, DVDs, microondas e condicionadores de ar com benefícios fiscais na Zona Franca de Manaus.
O diretor financeiro da LG, Kyu Seon Chim, foi indiciado sob acusação de corrupção passiva e o diretor-administrativo, Gianfranco Menezes Han, por concussão e corrupção ativa.
Segundo a Polícia Federal, Han atuava como intermediador no esquema, chegando até a ser denunciado num caso de extorsão envolvendo uma empresa de telefonia celular da região Norte. Chim saberia do esquema, do qual a empresa estaria se beneficiando com redução de multas.
Instalada desde 1995 em Manaus, a LG tem 1.876 empregados. Ela é uma das 23 que já enfrentaram, nas duas últimas semanas, a refiscalização do Ministério do Trabalho -que comprovou irregularidades como o não-pagamento de horas extras, excesso de jornada e desrespeito no intervalo para descanso. O total de empresas que serão novamente investigadas pode chegar a cem.
"O diretor financeiro da empresa [LG] foi indiciado porque a PF tem convicção de que ele sabia de todo o esquema que favorecia a empresa. Han não tinha poder de decisão [para pagar propina aos fiscais] dentro da empresa", afirmou o delegado José Martins Lara, que coordenou a operação.
A operação Zaqueu (nome inspirado numa passagem bíblica sobre um cobrador de impostos corrupto que se converteu ao cristianismo) começou no dia 3 deste mês, prendendo 26 pessoas.
O esquema começou a ser apurado em setembro passado, após uma denúncia de extorsão. A base da investigação foi a quebra dos sigilos fiscal, telefônico e bancário de auditores, além de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Segundo a PF, os 11 fiscais indiciados deixavam de autuar por irregularidades trabalhistas as empresas envolvidas no esquema, ou reduziam o valor das multas. Eles receberiam das empresas um "salário" mensal. O esquema pode ser anterior a 1997, segundo a PF.


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