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"ZAQUEU"
PF indicia 33 pessoas por fraudes no Amazonas
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal no Amazonas
indiciou 33 pessoas supostamente
envolvidas em um esquema de
fraudes na fiscalização trabalhista
de empresas, desbaratado em
uma operação realizada no início
do mês. Dos acusados, 11 são auditores fiscais.
Os outros 22 indiciados citados
no relatório final da Operação Zaqueu, apresentado ontem, são ligados a empresas que teriam se
beneficiado do esquema. Dois deles são executivos da empresa sul-coreana LG Eletronics da Amazônia, que produz televisores,
DVDs, microondas e condicionadores de ar com benefícios fiscais
na Zona Franca de Manaus.
O diretor financeiro da LG, Kyu
Seon Chim, foi indiciado sob acusação de corrupção passiva e o diretor-administrativo, Gianfranco
Menezes Han, por concussão e
corrupção ativa.
Segundo a Polícia Federal, Han
atuava como intermediador no
esquema, chegando até a ser denunciado num caso de extorsão
envolvendo uma empresa de telefonia celular da região Norte.
Chim saberia do esquema, do
qual a empresa estaria se beneficiando com redução de multas.
Instalada desde 1995 em Manaus, a LG tem 1.876 empregados.
Ela é uma das 23 que já enfrentaram, nas duas últimas semanas, a
refiscalização do Ministério do
Trabalho -que comprovou irregularidades como o não-pagamento de horas extras, excesso de
jornada e desrespeito no intervalo
para descanso. O total de empresas que serão novamente investigadas pode chegar a cem.
"O diretor financeiro da empresa [LG] foi indiciado porque a PF
tem convicção de que ele sabia de
todo o esquema que favorecia a
empresa. Han não tinha poder de
decisão [para pagar propina aos
fiscais] dentro da empresa", afirmou o delegado José Martins Lara, que coordenou a operação.
A operação Zaqueu (nome inspirado numa passagem bíblica
sobre um cobrador de impostos
corrupto que se converteu ao cristianismo) começou no dia 3 deste
mês, prendendo 26 pessoas.
O esquema começou a ser apurado em setembro passado, após
uma denúncia de extorsão. A base
da investigação foi a quebra dos
sigilos fiscal, telefônico e bancário
de auditores, além de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Segundo a PF, os 11 fiscais indiciados deixavam de autuar por irregularidades trabalhistas as empresas envolvidas no esquema, ou
reduziam o valor das multas. Eles
receberiam das empresas um "salário" mensal. O esquema pode
ser anterior a 1997, segundo a PF.
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