São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Analistas dizem que o mercado já precificou a manutenção da taxa de juros; crise política preocupa

Bolsa se recupera após 3 quedas seguidas

DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera de mais uma decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado emitiu sinais de que assimilou a perspectiva de manutenção dos juros.
Para a maioria dos analistas, exceto por um resultado inesperado (corte na taxa Selic), o mais importante será a ata da reunião a ser divulgada na próxima semana, que poderá indicar o comportamento do BC a partir de março.
Depois de três quedas consecutivas, a Bovespa fechou em alta de 1,07%, aos 22.426 pontos. A Bolsa apresentou recuo de 0,81% pela manhã, mas as oscilações durante o dia estiveram associadas não ao Copom, mas a declarações que pudessem indicar algum desdobramento político sobre as denúncias de corrupção envolvendo um ex-assessor do governo.
As exportadoras, assim como o bom desempenho das Bolsas americanas, ajudaram na recuperação da Bovespa: as maiores altas foram para Usiminas (siderurgia, 6,3%), Aracruz (papel e celulose, 5,6%) e Souza Cruz (fumo) e Vale (minério, ambas com 4,7%).
O fator político também influenciou o dólar. A moeda fechou em alta de 0,37%, a R$ 2,920. É a terceira alta consecutiva do dólar. A moeda chegou a recuar 0,24%, criando a expectativa de que o BC pudesse retomar os leilões de compra. Mas os temores sobre uma eventual instalação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) ampla no Congresso levaram-na ao caminho inverso.
No final do dia, chegou às mesas de operadores a informação de que o Bradesco pretende captar 250 milhões. O movimento de captações foi atenuado nas últimas semanas, em parte devido ao aumento do risco-país, que encarece as operações. A retomada das captações, aliada ao fluxo de dólares gerado pelas exportações, permitiria ao BC voltar a fazer leilões (para recompor reservas).
No mercado futuro, os contratos de DI com vencimento em janeiro de 2005 (os mais negociados na BM&F) tiveram oscilação mínima (de 15,33%, anteontem, para 15,32% ontem). Os DI com vencimento em março mantiveram a taxa estável em 16,16%.
""Não há espaço para o BC se movimentar [reduzir os juros]. Creio que o BC continua técnico. A avaliação é que não haverá corte amanhã (hoje) e que teremos uma ata menos agressiva, visando a baixa a partir de março", diz Marcelo Salomon, economista do Unibanco. (JOSÉ ALAN DIAS)


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