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BB e CEF "brigam" por mercado imobiliário
Crescimento do segmento foi de 96% em 2007, sendo estratégico em um cenário de disputa acirrada entre os bancos
BB quer emprestar pelas regras do SFH, em que os recursos são mais baratos, mas segmento é dominado justamente pela Caixa
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Somente no último ano, eles
já "brigaram" pela administração de contas de Estados e prefeituras e pelo patrocínio de
eventos esportivos. Agora, a
mais nova disputa entre a Caixa
Econômica Federal e o Banco
do Brasil que tem esquentado
os bastidores da equipe econômica é pelo mercado imobiliário, mais precisamente pelos financiamentos feitos sob as regras do Sistema Financeiro de
Habitação (SFH).
O setor cresceu 96% em 2007
e é um dos mais promissores
para "fidelizar" a clientela, palavra mágica num cenário de
disputa acirrada, como o que
vive o sistema bancário atualmente.
De olho nessa "oportunidade
de negócios", o BB está oferecendo financiamentos habitacionais em parceria com a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex) e foco nas
famílias de renda elevada.
Para ampliar sua atuação,
precisa de autorização do Banco Central para integrar o SFH
e oferecer aos clientes a vantagem de utilizar o dinheiro depositado nas contas do FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço) para abater no saldo devedor.
A liberação permitiria também acesso aos recursos do
Fundo, mais baratos do que
captar no mercado.
Líder absoluta nesse segmento do SFH, a Caixa Econômica Federal se ressentiu, e o
clima esquentou entre os executivos das duas instituições financeiras.
Segundo a Folha apurou, a
cúpula da Caixa argumenta que
"não é razoável uma competição entre os bancos públicos".
Logo, "o melhor é manter a especialização": a Caixa segue
com financiamentos habitacionais, e o BB, com crédito rural.
O temor da Caixa é perder
espaço nessa área, que é uma
importante fonte de lucro do
banco. Com isso, ficaria com os
programas sociais que, muitas
vezes, dão mais despesas do
que receitas.
Para o BB, essa competição
não ocorrerá. A disputa dele será com grandes instituições
privadas, como é o caso de Itaú
e Bradesco.
Poupança rural
No meio da disputa, o Banco
Central se calou. A previsão de
que encaminhasse uma solução
na reunião do CMN (Conselho
Monetário Nacional) de janeiro não se confirmou. Responsável pelo assunto dentro do BC,
o diretor Alexandre Tombini
(Normas) disse que não sabia
de nada.
Oficialmente a assessoria do
BB confirmou que o pedido foi
entregue ao BC. A Folha apurou com executivos da Caixa e
da Fazenda que Tombini tem
tratado do assunto.
Controlador dos dois bancos,
o Tesouro Nacional ainda não
deu seu veredicto. Em recente
reunião com o ministro Guido
Mantega (Fazenda), o presidente do BB, Luiz Francisco de
Lima Neto, disse que é uma
questão estratégica para o banco, que estaria em desvantagem em relação à concorrência
privada.
Futuro incerto
O debate é complexo. Ao autorizar o BB a operar no SFH, o
governo precisará definir o rumo da poupança rural. A parte
do dinheiro captado nas cadernetas de poupança que os bancos aplicam no crédito imobiliário é direcionada pelo BB para agricultura.
O BB alega que pretende apenas usar dinheiro do FGTS.
Mas, na Fazenda, sabe-se que a
discussão sobre mudar o direcionamento da poupança rural
do BB virá na seqüência. E isso,
segundo uma fonte do ministério, "será confusão na certa".
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