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Condomínio sobe mais que a inflação
Desde o início do Plano Real, preços avançaram 209%, contra
inflação acumulada de 160% de 1995 a fevereiro deste ano
Reajuste das tarifas públicas
e, nos últimos dois anos, do
salário mínimo é visto como
o grande vilão para a alta
maior dos condomínios
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Quem mora em prédios sentiu no bolso o peso crescente do
condomínio no orçamento familiar. É que nos últimos anos
as cotas subiram acima da inflação: de 1995 a fevereiro deste
ano, a alta acumulada ficou em
208,74%, bem mais do que os
159,54% do IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo)
no mesmo período.
Desde 2003, os condomínios
aumentam sistematicamente
mais do que a inflação, e a distância só cresceu nos últimos
anos, revelam dados do IBGE
compilados pela Folha. Em
2006, a alta foi de 7,03% -o
IPCA subiu 3,14%.
Nos dois primeiros meses
deste ano, a tendência se repete: as cotas foram reajustadas,
em média, em 2,41%, contra a
alta de 0,88% do índice oficial
de inflação.
Para Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices
de Preços do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), os condomínios sofreram com os aumentos dos serviços públicos de água e esgoto
e de energia, que subiram
336,60% e 415,58%, respectivamente, no período do Real.
Nos dois últimos anos, as
contas de consumo ficaram
comportadas e o vilão foi o salário mínimo, cujo reajuste real
foi de 13,3% (2005) e 7,6%
(2006). Desde 1995, acumula
ganho real de 65,6%.
"O reajuste no ano passado e
neste ano foi provocado pelo
aumento da mão-de-obra, que
acompanhou o salário mínimo.
Esse é um dos principais custos
dos condomínios", disse Nunes
dos Santos.
As despesas com água, luz,
mão-de-obra e encargos representam de 75% a 80% dos custos dos condomínios, segundo
administradoras.
Já os aluguéis, cujos preços
dispararam no começo do Real,
subiram menos nos últimos
tempos. Neste ano, somam alta
de 0,64%. No ano passado, o
aumento ficou em 3,16%, em linha com o IPCA.
Nos anos anteriores, o serviço subiu menos do que a inflação -3,73% em 2003, 1,51% em
2004 e 2,55% em 2005.
Aluguéis baixos
"Não são os condomínios que
estão caros, mas os aluguéis é
que estão muito baratos", de
acordo com Hubert Gebara, vice-presidente do Secovi-SP
(Sindicato das Empresas de
Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São
Paulo).
Para o executivo, as novas regras para locação, de 1991, fizeram crescer a oferta de imóveis
para esse fim e mais pessoas
compraram unidades para alugar. Cresceu ainda, diz Gebara,
o financiamento à casa própria
-ou seja, menos pessoas passaram a depender do aluguel.
Com isso, explica, sobram
mais imóveis, menos pessoas
necessitam do aluguel como
forma de moradia e o resultado
foi a queda do preços.
"A maior oferta de imóveis
propicia a negociação entre inquilinos e proprietários, que
muitas vezes abrem mão do
reajuste anual", afirma Nunes
dos Santos. Há muito tempo o
IGP-M, indexador previsto na
maioria dos contratos, caiu em
desuso.
A coordenadora do IBGE recorda que no começo do Real os
aluguéis estavam bastante defasados por causa de congelamentos impostos por planos
econômicos anteriores e, por
isso, dispararam na época. Chegaram a subir 94,73% em 1995.
Mas, como inquilinos não suportaram pagar, os preços cederam e passaram a subir menos do que o IPCA ou até mesmo registraram deflação.
Já o condomínio, que é na
verdade um rateio das despesas
comuns do prédio, manteve variações altas por causa das tarifas públicas e, mais recentemente, por conta do reajuste do
salário mínimo.
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