São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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BID perdoa US$ 4,4 bi de dívida de países pobres

Decisão beneficiará Bolívia, Honduras, Nicarágua, Haiti e Guiana

Iniciativa, anunciada no encontro anual do BID, faz parte de meta de reduzir pobreza na América Latina pela metade até 2015

DA ASSOCIATED PRESS, NA CIDADE DA GUATEMALA

O BID (Banco Internamericano de Desenvolvimento) anunciou que vai perdoar US$ 4,4 bilhões (cerca de R$ 9,2 bilhões) que lhe são devidos por cinco dos países mais pobres da América Latina e do Caribe. O anúncio ocorreu em meio à realização de seu encontro anual, que começou na sexta-feira e vai até terça, dia 20, na Cidade da Guatemala.
O banco perdoou as dívidas externas de Bolívia, Honduras, Nicarágua, Haiti e Guiana. O BID é justamente o maior credor dos cinco países.
"Essa é uma oportunidade histórica que vai proporcionar a esses países a oportunidade de fazer um novo começo", afirmou o presidente do banco, Luis Alberto Moreno.
Honduras obteve um perdão de US$ 1,4 bilhão em dívidas, a Bolívia, de US$ 1 bilhão, a Nicarágua, de US$ 984 milhões, e a Guiana, de US$ 467 milhões. A iniciativa é retroativa ao dia 1º de janeiro de 2007.
O Haiti, que integra a iniciativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) para Países Pobres Fortemente Endividados, vai poder se ver livre de US$ 20 milhões de sua dívida até 2009 e, depois disso, poderá obter o perdão d dívida integral, que chega a US$ 525 milhões.
Pelo acordo fechado, o BID vai perdoar cerca de US$ 3,4 bilhões em pagamentos da parte principal da dívida dos países e US$ 1 bilhão em juros.
Moreno declarou que o acordo teve o apoio de "todos os membros", algo interpretado como uma tentativa de rejeitar as sugestões de que a iniciativa tivesse encontrado resistência por parte de alguns dos países latino-americanos, incluindo Brasil, Argentina e México.
O presidente do banco afirmou ainda que o BID também vai liberar recursos para Equador, El Salvador, Guatemala, Paraguai e Suriname, de modo que esses países possam disponibilizar verbas para educação, saúde e outros serviços.
Ele acrescentou que a iniciativa de perdoar a dívida, que integra a meta do banco de reduzir a pobreza na América Latina pela metade até 2015, permitirá aos países beneficiários "liberar recursos para investir em educação de qualidade, saúde e outros serviços sociais de que seus cidadãos necessitam para superar a pobreza".

Políticas falidas
Também no início do encontro, organizações civis exortaram o BID a abandonar o que elas qualificaram como "políticas falidas", tais como a privatização de empresas de água.
"Em boa parte da América Latina, as redes de água e saneamento básico precisam desesperadamente de manutenção básica, reabilitação e ampliação", disse Wenonah Hauter, diretora da organização Food & Water Watch (Vigilância de Alimentos e Água).
"Mas as empresas privadas não têm se disposto a fornecer os investimentos necessários para a manutenção, a construção e ampliação das redes de água, tendo, em lugar disso, imposto novas demandas financeiras sobre o setor", disse.


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