|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula avalia que BC errou ao sinalizar elevação dos juros
KENNEDY ALENCAR
JULIANNA SOFIA
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros avaliaram em reunião
ontem que o Banco Central errou ao sinalizar na semana passada que poderia elevar os juros, segundo apurou a Folha.
Na semana passada, a divulgação da ata da reunião Copom
(Comitê de Política Monetária)
indicou que poderia haver elevação na Selic (taxa básica de
juros, hoje em 11,25% ao ano).
Na reunião semanal de Lula
com seus principais auxiliares,
o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, disse que as notícias
do final de semana mostraram
que a crise nos EUA é profunda. Afirmou que, por ora, não
há forte efeito negativo sobre o
Brasil, mas que será preciso
monitoramento constante e
evitar a alta dos juros.
Mantega disse que a crise dos
EUA reforçava os argumentos
dos críticos do BC, segundo os
quais a instituição deveria reduzir os juros e não aumentá-los. Em entrevista no Ministério da Fazenda, Mantega foi
claro quando indagado se havia
necessidade de o BC elevar os
juros. Ele respondeu: "Aqui no
Brasil não há necessidade. Pelo
contrário. As taxas de juros estão baixando nos EUA. A preocupação é com nível de atividade e com o crédito".
Lula concorda com a avaliação de Mantega, segundo apurou a Folha. A recente valorização do real em relação ao dólar e efeitos futuros sobre a balança comercial reacenderam a
tensão entre a Fazenda e o BC.
Se o BC elevar a Selic, Lula fará
pressão política nos bastidores.
Em entrevista, Mantega disse ser tarefa dos bancos centrais americano e europeu impedir que a crise internacional
contagie todas as economias.
Segundo ele, houve um agravamento do cenário de turbulência, o que se refletiu ontem em
todos os mercados do mundo,
inclusive o brasileiro.
Mantega disse estar confiante em que o Fed (banco central
dos EUA) promoverá nova redução nas taxas de juros hoje,
depois de ontem ter reduzido
em 0,25 ponto percentual a taxa de redesconto. "A quebra do
Bear Stearns causou certa comoção, porque era o quinto
maior banco de investimento
americano. Acredito que o Fed
está tomando as medidas que
poderão acalmar os mercados."
Algumas conseqüências
Ele voltou a afirmar que o
Brasil tem uma situação sólida,
mas admitiu que a crise poderá
causar estragos, principalmente no mercado de renda variável: "O Brasil tem condições de
rápida recuperação, mesmo
que haja conseqüências maiores. (...) É claro que algumas
conseqüências acontecem, mas
nós podemos passar por isso
com as menores conseqüências
possíveis. Pode haver alguma
saída de capitais externos, de
instituições que precisam (...)
cobrir buracos lá".
Para ele, a segurança da economia brasileira se deve a fundamentos sólidos. "Temos reservas de US$ 195 bilhões agora. Há uma grande confiança no
desempenho da economia."
O ministro destacou que as
empresas brasileiras estão sólidas, a exemplo dos bancos nacionais, que não estão envolvidos "nessa crise".
Texto Anterior: Estrangeiro foge do risco, e Bolsa de SP recua 3,19% Próximo Texto: Negócio: Bolsa de Chicago vai pagar US$ 9,4 bi pela Nymex Índice
|