|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrangeiro foge do risco, e Bolsa de SP recua 3,19%
Medo da crise faz investidores se abrigarem nos títulos do Tesouro dos EUA
Queda de commodities metálicas e agrícolas afeta
ações de empresas que atuam no setor; dólar
sobe 0,76% e vai a R$ 1,726
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo teve ontem a pior baixa
em quase seis semanas enquanto os investidores estrangeiros se desfaziam das suas
aplicações no mercado acionário local para cobrir perdas sofridas no exterior ou buscar refúgio em ativos mais seguros,
como os títulos do Tesouro
norte-americano. Na mínima
do dia, a Bovespa chegou a recuar 4,27%, mas, com a pequena recuperação da Bolsa de Nova York no final do expediente,
a brasileira terminou a sessão
em queda de 3,19%, aos 60.011
pontos. No dia 6 de fevereiro,
ela tinha caído 3,45%. As perdas acumuladas em 2008 chegam a 6,06%.
Em todo o mundo, houve
uma fuga das commodities metálicas e agrícolas principalmente rumo aos treasuries.
"Boa parte das empresas brasileiras que têm ações negociadas na Bolsa atua nesse setor,
daí a desvalorização dos papéis", comenta Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset
Management. Os preferenciais
da Companhia Vale do Rio Doce caíram 4,13%, para R$ 46,60,
e os ordinários recuaram
5,43%, a R$ 55,70.
"Cresceu a preocupação com
a saúde dos bancos nos EUA e,
pela dificuldade em ponderar a
extensão do problema, aumenta fortemente a aversão ao risco. Na dúvida, os investidores
avaliam que é melhor tirar [seu
dinheiro de determinadas aplicações]", diz Ricardo Martins,
gerente da área de pesquisa da
corretora Planner. Devido a essa movimentação dos estrangeiros, o dólar comercial subiu
0,76% ontem, vendido a R$
1,726. No momento de maior
tensão, chegou a R$ 1,738.
Os temores em relação às
instituições americanas foram
exacerbados após o Fed (Federal Reserve, banco central americano) anunciar a redução da
taxa de redesconto -os juros
cobrados nos empréstimos de
curto prazo concedidos a elas.
O mercado desesperou-se,
achando que outros bancos
também se encontram à beira
da insolvência. No domingo, o
JPMorgan informou que vai
adquirir o Bear Stearns por
apenas US$ 236 milhões, bem
abaixo do seu valor de mercado.
Foi por conta disso que a segunda-feira começou amarga
em Wall Street. No entanto, a
Bolsa de Nova York acabou fechando em alta de 0,18%. "Os
investidores parecem se convencer de que o Fed está muito
comprometido em garantir que
haja liquidez suficiente no sistema bancário para atravessarmos essa crise de crédito", explica Andy Brooks, operador da
administradora de recursos
americana T. Rowe Price. O
mercado amanhece hoje de
olho no BC americano, cujo comitê de política monetária se
reúne para definir o rumo dos
juros. As expectativas variam
de um corte de 0,5 ponto percentual a até um ponto.
Os analistas destacam que
não é possível fazer previsões
acerca do comportamento na
Bolsa no curto prazo.
"Porém é da volatilidade que
surgem boas oportunidades de
compras de ações", afirma
Martins. "Especialmente porque continuamos esperando
um bom crescimento da economia brasileira neste ano e, conseqüentemente, resultados positivos das empresas nacionais." De acordo com o analista,
os pequenos investidores que
aplicam pensando no longo
prazo não devem mexer nos
seus papéis neste momento. Já
os mais ousados podem aproveitar os momentos de fortes
quedas para adquirir ações de
companhias sólidas que estejam com preços atraentes.
Texto Anterior: Crise terá graves conseqüências e longa duração, alerta FMI Próximo Texto: Lula avalia que BC errou ao sinalizar elevação dos juros Índice
|