São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2010

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Para mercado, alta da Selic será inevitável

Analistas afirmam que projeções de inflação para o ano acima de 5% levarão o Copom a realizar aumentos nos juros básicos

BC ignorou a pressão dos bancos por aumento de 0,5 ponto ainda em março, diz José Francisco Gonçalves, economista do Banco Fator

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de manter os juros básicos em 8,75%, mesmo com as projeções de inflação no ano acima de 5%, não acalmou ontem os ânimos do mercado, que viu um "adiamento" do remédio para abril. Os analistas estavam divididos em relação ao aumento de juros na provável última reunião comandada por Henrique Meirelles no BC.
Com a diretoria do BC em desacordo, os economistas entenderam que a autoridade monetária não está confortável com os reajustes nos preços, mas deu um "voto de confiança" para a possibilidade de "enquadramento" das projeções de inflação nas próximas semanas.
Na visão de José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o BC ignorou as pressões dos grandes bancos, que defenderam publicamente aumento de 0,5 ponto ainda em março. E ainda postergou a decisão sobre o futuro da taxa Selic, segundo análise dos próximos indicadores de inflação e de demanda.
"O resultado confirma a incerteza geral do mercado sobre o rumo dos juros e lança a expectativa para os próximos dados. Vamos ter 45 dias de mais ansiedade quanto às informações que virão. Todos concordam que a inflação corrente está dando um salto, dificilmente ficará abaixo de 5%."
"Eles [BC] mostraram que concordam com a alta de juros, mas não agora. É inevitável um aumento em abril. A decisão foi acertada porque a inflação em janeiro é contaminada por aumentos sazonais", disse Samy Dana, professor da FGV.
Para o Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), o BC desprezou o efeito potencial que o aumento dos juros teria nas expectativas de inflação. "A demanda está aquecida e não há oferta de bens e produtos na mesma proporção. O BC certamente fará aumentos graduais nos próximos encontros", disse Walter Machado de Barros, presidente do conselho do Ibef.


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