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Para mercado, alta da Selic será inevitável
Analistas afirmam que projeções de inflação para o ano acima de 5% levarão o Copom a realizar aumentos nos juros básicos
BC ignorou a pressão dos bancos por aumento de 0,5 ponto ainda em março, diz José Francisco Gonçalves, economista do Banco Fator
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão de manter os juros
básicos em 8,75%, mesmo com
as projeções de inflação no ano
acima de 5%, não acalmou ontem os ânimos do mercado, que
viu um "adiamento" do remédio para abril. Os analistas estavam divididos em relação ao
aumento de juros na provável
última reunião comandada por
Henrique Meirelles no BC.
Com a diretoria do BC em desacordo, os economistas entenderam que a autoridade monetária não está confortável com
os reajustes nos preços, mas
deu um "voto de confiança" para a possibilidade de "enquadramento" das projeções de inflação nas próximas semanas.
Na visão de José Francisco
de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, o BC
ignorou as pressões dos grandes bancos, que defenderam
publicamente aumento de 0,5
ponto ainda em março. E ainda
postergou a decisão sobre o futuro da taxa Selic, segundo análise dos próximos indicadores
de inflação e de demanda.
"O resultado confirma a incerteza geral do mercado sobre
o rumo dos juros e lança a expectativa para os próximos dados. Vamos ter 45 dias de mais
ansiedade quanto às informações que virão. Todos concordam que a inflação corrente está dando um salto, dificilmente
ficará abaixo de 5%."
"Eles [BC] mostraram que
concordam com a alta de juros,
mas não agora. É inevitável um
aumento em abril. A decisão foi
acertada porque a inflação em
janeiro é contaminada por aumentos sazonais", disse Samy
Dana, professor da FGV.
Para o Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), o BC desprezou o efeito
potencial que o aumento dos
juros teria nas expectativas de
inflação. "A demanda está
aquecida e não há oferta de
bens e produtos na mesma proporção. O BC certamente fará
aumentos graduais nos próximos encontros", disse Walter
Machado de Barros, presidente
do conselho do Ibef.
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