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Foco
Formação de lago pode
desalojar 20 mil pessoas
DO ENVIADO ESPECIAL A ALTAMIRA
A quinta geração da família Balão será uma das atingidas pela construção da usina
hidrelétrica de Belo Monte.
Benedito Balão, 73, nascido e
criado na região do igarapé
Gaiozo, terá de dar lugar às
máquinas pesadas.
Pelo projeto da Eletronorte, a propriedade de Balão
está exatamente na faixa onde ficará um dos dois canais
de drenagem do rio, que exigirão, segundo especialistas,
movimentação de terra e rocha equivalente à que foi necessária para a construção
do canal do Panamá, na
América Central.
Ali, mais de 20 mil pessoas
poderão ser retiradas para
dar lugar às construções e ao
lago que será formado para
empurrar as turbinas.
A agonia da família é antiga, mas a decisão do governo
de levar adiante a construção do projeto tornou o futuro incerto. "Para onde eu
vou? Rapaz, não queria sair
daqui, não. Nasci e me criei
num lugar como este aqui e
agora sair para outro canto?
Não tenho mais força de trabalhar. Começar do zero de
novo não dá", diz.
Aposentado, Balão não teme só o fato de ter de sair da
região onde seu avô criou
raiz. Ele teme pela divisão da
família. Ali, próximo dele, filhos e filhas, genros e noras,
netos e netas são sua grande
prole. Mais de 20 pessoas da
grande família Balão vivem
na área.
(AB)
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