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Pressão no câmbio pode influenciar a decisão do Copom
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao manter a política de não renovar a dívida cambial, o governo
gerou uma dificuldade a mais para o Copom (Comitê de Política
Monetária) cortar os juros neste
mês. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, bancos e investidores tentarão forçar ao máximo
a cotação do dólar na data de vencimento da dívida, para obter ganhos maiores em reais.
Amanhã, dia em que o Copom
anuncia se mexe ou não na taxa
básica de juros da economia, vencem cerca de US$ 2,5 bilhões em
dívida cambial. O impacto da alta
do dólar sobre a inflação é um dos
principais aspectos avaliados pelo
Copom nas decisões sobre os juros. Quanto mais alta a cotação da
moeda americana, mais caros podem ficar produtos e insumos importados, o que afeta a inflação.
"Eu acho que, se o câmbio estiver muito pressionado, uma decisão de manutenção de queda dos
juros pode não ser bem recebida
pelo mercado e passar a idéia de
que o BC não está muito preocupado com inflação. Agora, se houver uma certa melhora, acho que
o BC deveria baixar os juros", disse o ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.
Na última reunião do Copom, a
cotação da moeda americana estava em torno de R$ 2,92. Ontem,
o dólar fechou em R$ 3,125, puxado nos últimos dias pela expectativa de alta dos juros nos EUA e
pelo aumento do preço do petróleo no mercado internacional.
Teoricamente, se o BC decidisse
renovar parte da dívida cambial, a
cotação da moeda americana tenderia a subir menos, devido à
maior oferta de dólares.
Desde o ano passado que o BC
decidiu não renovar os vencimentos da dívida cambial, para reduzir a vulnerabilidade da economia
brasileira a oscilações do dólar.
Para o economista do JP Morgan Fábio Akira, deve haver mais
pressão sobre o dólar por conta
da não-renovação da dívida cambial. Ele ressalta que, se o BC tivesse anunciado que iria rolar parte
ou toda a dívida, o efeito poderia
ser pior. "Haveria mil críticas de
que o BC estaria sancionando a
deterioração que houve no mercado financeiro".
O economista Luiz Fernando
Lopes, do Pátria Banco de Negócios, entende que poderá haver
maior volatilidade na taxa de
câmbio, mas que teria sido pior
voltar a rolar a dívida cambial. "O
BC passaria a impressão de estar
preocupado com determinado
nível do dólar."
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