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RECEITA FEDERAL
Valor é de R$ 2 mi
PF investiga fraude em restituição do IR
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
A PF (Polícia Federal) em Mossoró (Rio Grande do Norte) investiga uma fraude na Receita Federal, em três Estados do Nordeste, de aproximadamente R$ 2 milhões em restituições do Imposto
de Renda.
Pelo menos cinco prefeituras do
Rio Grande do Norte estão sendo
investigadas sob suspeita de participar do esquema.
O delegado Ianê Linário, da Polícia Federal, não informou os nomes dos investigados, segundo
ele, para não atrapalhar as investigações.
Quinze pessoas foram identificadas como integrantes da quadrilha. Empresas fantasmas eram
abertas em Pernambuco, Rio
Grande do Norte e na Paraíba, para funcionar como prestadoras de
serviço para prefeituras.
Eram contratados como funcionários, às vezes sem saber, agricultores e outras pessoas (alguns
parentes das 15 pessoas envolvidas no caso).
"Laranjas"
Para conseguir os documentos
dos "laranjas", os integrantes da
quadrilha alegavam fazer parte de
uma ONG (organização não-governamental) que iria distribuir
dinheiro federal. Cerca de 400
pessoas foram registradas pelas
empresas fantasmas, segundo a
Polícia Federal.
Cada um deles tinha uma conta
bancária, mas que nunca recebia
depósitos dos salários.
Apesar disso, à Receita Federal,
a quadrilha entregava declarações
de renda alta referentes aos funcionários fantasmas, com dependentes e despesas que justificassem restituições. Em três anos de
fraude bem-sucedida, a Polícia
Federal calcula um rombo de cerca de R$ 2 milhões.
Desconto retido
As prefeituras participariam do
esquema da seguinte forma: o
desconto do Imposto de Renda
dos funcionários ficava retido nas
prefeituras e não havia checagem
pela Receita Federal, por um
acordo de imunidade recíproca
entre órgãos governamentais.
Segundo Linário, as empresas
fantasmas não forneciam os serviços, mas ainda não foi possível
identificar o uso de notas fiscais
frias ou mesmo a participação de
prefeitos na fraude.
"Mas com certeza havia gente
das prefeituras envolvida com a
quadrilha", informou o delegado.
A fraude só foi descoberta depois de uma denúncia anônima.
Só então as 400 pessoas caíram na
malha fina da Receita Federal e
começaram a ser chamadas para
justificar os supostos ganhos.
As restituições do grupo neste
ano, que somariam aproximadamente R$ 600 mil, estão bloqueadas.
Ninguém ainda foi preso. Foram apreendidas, na semana passada, 15 caixas com documentos e
dois computadores em um escritório de contabilidade em Mossoró, que prestava serviços para as
prefeituras investigadas.
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