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COMÉRCIO EXTERIOR
País não quer receber produto do Brasil porque estaria misturado com semente tratada com fungicida
Veto chinês à soja gera prejuízo de US$ 12 mi
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A recusa da China em receber
dois carregamentos de soja brasileira causou prejuízo de, no mínimo, US$ 12 milhões (R$ 37,5 milhões pelo câmbio de ontem) aos
exportadores. A estimativa é da
Embaixada do Brasil em Pequim.
A China recusou dois carregamentos de soja brasileira, no total
de 110 mil toneladas, sob a alegação de que estavam misturados a
sementes tratadas com o fungicida Carboxin, que não deveria estar presente no grão destinado a
consumo como alimento.
Cinqüenta mil toneladas de soja
estão em um navio parado no
porto de Xiamen e deverão ser
mandadas de volta para o Brasil.
Outras 60 mil toneladas saíram do
porto de Rio Grande, no Rio
Grande do Sul, sem certificado fitossanitário do governo brasileiro, que ordenou a volta do navio.
A China é o maior importador
de soja do Brasil. No ano passado,
comprou cerca de 6 milhões de
toneladas do produto. O governo
brasileiro está preocupado com a
repercussão do caso sobre a imagem dos produtores e exportadores de soja, que têm no país asiático o principal mercado.
A soja que já se encontra no
porto chinês foi exportada pelas
empresas Cargill, Bianchini, Irmãos Trevisan e Noble Grain.
As autoridades da fiscalização
sanitária no país encontraram,
em meio ao carregamento, sementes de cor avermelhada, que é
característica do uso de Carboxin.
A China não aceita a mistura de
sementes tratadas com o fungicida com os grãos destinados ao
consumo humano ou animal.
Segundo a Embaixada do Brasil
em Pequim, os chineses estavam
decididos a não permitir o desembarque do produto. A importadora, China Tex, estava negociando
com a Noble Grain um destino
para o carregamento.
A embaixada também aguarda
informações do Ministério da
Agricultura do Brasil, que iniciou
uma investigação sobre o caso.
Essa é a primeira vez que a China rejeita carregamentos de soja
brasileira por problemas sanitários. O país tem enorme interesse
em comprar o produto do Brasil e
estuda caminhos para contornar
a intermediação das grandes "traders" norte-americanas. Entre
eles, está a possibilidade de compra de terra no Brasil para plantação de soja, que seria exportada
diretamente à China.
Esse não seria o único problema
que a soja da América Latina enfrenta na China. A agência de notícias Reuters divulgou ontem que
alguns esmagadores chineses não
puderam pagar pelo produto importado da região, que estaria retido em dois portos do país.
Segundo a Reuters, o problema
ocorreu porque os importadores
não conseguiram cartas de crédito devido às restrições do governo
chinês para tentar reduzir o ritmo
de crescimento econômico.
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