São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

País não quer receber produto do Brasil porque estaria misturado com semente tratada com fungicida

Veto chinês à soja gera prejuízo de US$ 12 mi

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

A recusa da China em receber dois carregamentos de soja brasileira causou prejuízo de, no mínimo, US$ 12 milhões (R$ 37,5 milhões pelo câmbio de ontem) aos exportadores. A estimativa é da Embaixada do Brasil em Pequim.
A China recusou dois carregamentos de soja brasileira, no total de 110 mil toneladas, sob a alegação de que estavam misturados a sementes tratadas com o fungicida Carboxin, que não deveria estar presente no grão destinado a consumo como alimento.
Cinqüenta mil toneladas de soja estão em um navio parado no porto de Xiamen e deverão ser mandadas de volta para o Brasil. Outras 60 mil toneladas saíram do porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, sem certificado fitossanitário do governo brasileiro, que ordenou a volta do navio.
A China é o maior importador de soja do Brasil. No ano passado, comprou cerca de 6 milhões de toneladas do produto. O governo brasileiro está preocupado com a repercussão do caso sobre a imagem dos produtores e exportadores de soja, que têm no país asiático o principal mercado.
A soja que já se encontra no porto chinês foi exportada pelas empresas Cargill, Bianchini, Irmãos Trevisan e Noble Grain.
As autoridades da fiscalização sanitária no país encontraram, em meio ao carregamento, sementes de cor avermelhada, que é característica do uso de Carboxin. A China não aceita a mistura de sementes tratadas com o fungicida com os grãos destinados ao consumo humano ou animal.
Segundo a Embaixada do Brasil em Pequim, os chineses estavam decididos a não permitir o desembarque do produto. A importadora, China Tex, estava negociando com a Noble Grain um destino para o carregamento.
A embaixada também aguarda informações do Ministério da Agricultura do Brasil, que iniciou uma investigação sobre o caso.
Essa é a primeira vez que a China rejeita carregamentos de soja brasileira por problemas sanitários. O país tem enorme interesse em comprar o produto do Brasil e estuda caminhos para contornar a intermediação das grandes "traders" norte-americanas. Entre eles, está a possibilidade de compra de terra no Brasil para plantação de soja, que seria exportada diretamente à China.
Esse não seria o único problema que a soja da América Latina enfrenta na China. A agência de notícias Reuters divulgou ontem que alguns esmagadores chineses não puderam pagar pelo produto importado da região, que estaria retido em dois portos do país.
Segundo a Reuters, o problema ocorreu porque os importadores não conseguiram cartas de crédito devido às restrições do governo chinês para tentar reduzir o ritmo de crescimento econômico.


Texto Anterior: Telefonia: Reajuste da Telefônica terá de ser único, diz TRF
Próximo Texto: Lula prevê fazer grandes negócios com os chineses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.