São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

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Câmbio quebrará empresas, diz ministro

Miguel Jorge afirma que "as deficiências do setor produtivo estão aparecendo", mas considera esse processo "normal"

Já o ministro do Trabalho diz que governo anuncia ainda neste mês medidas para ajudar setores prejudicados pela valorização do real


CLÁUDIA DIANNI
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O dólar fraco e a conseqüente competição com produtos importados vai causar a quebra de empresas brasileiras, o que "é normal", na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, ontem na primeira reunião do ano do Conselho de Desenvolvimento, Econômico e Social. Ele comparou o efeito que a estabilidade do câmbio, com o dólar desvalorizado, tem na produção com os efeitos que o fim da inflação causou aos bancos, por causa da redução dos ganhos com a especulação financeira.
"As deficiências do setor produtivo estão aparecendo, assim como muitos bancos que não estavam adaptados para um ambiente sem inflação quebraram. Por isso é normal que algumas empresas quebrem, e isso em qualquer setor, se não tiverem boa gestão." Os bancos Bamerindus e Nacional são exemplos de instituições financeiras que faliram logo depois do Plano Real, quando a inflação foi controlada, em 1994. Entre os anos de 1995 e 2001, o governo gastou R$ 20 bilhões com o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro), para ajudar bancos que acumularam prejuízos.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, disse que o governo vai anunciar ainda neste mês medidas de desoneração das empresas para compensar a valorização do real. Segundo ele, o pacote terá um foco nos setores exportadores e não beneficiará as empresas em geral.
"Teremos medidas ainda neste mês. O pacote vai ter um foco em setores exportadores. Participamos de algumas conversas para dar os nossos palpites. O Ministério da Fazenda está fazendo tudo com muito cuidado para não gerar um clima inflacionário ou problemas lá fora", afirmou o ministro, referindo-se a eventuais questionamentos das medidas na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Lupi considerou preocupante a queda contínua do dólar, mas ressalvou que o governo começa a tomar as medidas necessárias para evitar maiores prejuízos para as empresas. Para ele, o pacote vai além da desoneração da folha de pagamento de alguns setores.

Medidas
Por enquanto, o governo elevou a 35% a Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação de calçados e confecções. Além das medidas de desoneração que estão sendo estudadas pelo Ministério da Fazenda, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai oferecer financiamento em condições especiais, e com com maior facilidade de acesso, para as indústrias de calçados, confecções, móveis, naval e automobilística.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, quer que o governo federal liberalize remessas de dólar ao exterior, para reduzir a entrada de dólares do país, estimulada pela taxa de juros e pelos pagamentos pela exportações, que vem batendo recordes.
"O governo deveria elevar de 30%, para 70% ou 100% o volume de receita de exportação que pode ficar no exterior", disse Skaf. No ano passado, o governo alterou a legislação para permitir que os exportadores mantenham 30% das receitas de exportação no exterior, mas o benefício ainda não está sendo utilizado plenamente pelos exportadores.


Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de Brasília


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