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Câmbio quebrará empresas, diz ministro
Miguel Jorge afirma que "as deficiências do setor produtivo estão aparecendo", mas considera esse processo "normal"
Já o ministro do Trabalho diz que governo anuncia ainda neste mês medidas para ajudar setores prejudicados pela valorização do real
CLÁUDIA DIANNI
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O dólar fraco e a conseqüente
competição com produtos importados vai causar a quebra de
empresas brasileiras, o que "é
normal", na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, ontem na primeira
reunião do ano do Conselho de
Desenvolvimento, Econômico
e Social. Ele comparou o efeito
que a estabilidade do câmbio,
com o dólar desvalorizado, tem
na produção com os efeitos que
o fim da inflação causou aos
bancos, por causa da redução
dos ganhos com a especulação
financeira.
"As deficiências do setor produtivo estão aparecendo, assim
como muitos bancos que não
estavam adaptados para um
ambiente sem inflação quebraram. Por isso é normal que algumas empresas quebrem, e isso em qualquer setor, se não tiverem boa gestão."
Os bancos Bamerindus e Nacional são exemplos de instituições financeiras que faliram logo depois do Plano Real, quando a inflação foi controlada, em
1994. Entre os anos de 1995 e
2001, o governo gastou R$ 20
bilhões com o Proer (Programa
de Estímulo à Reestruturação
do Sistema Financeiro), para
ajudar bancos que acumularam
prejuízos.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, disse que o governo vai anunciar ainda neste
mês medidas de desoneração
das empresas para compensar
a valorização do real. Segundo
ele, o pacote terá um foco nos
setores exportadores e não beneficiará as empresas em geral.
"Teremos medidas ainda
neste mês. O pacote vai ter um
foco em setores exportadores.
Participamos de algumas conversas para dar os nossos palpites. O Ministério da Fazenda
está fazendo tudo com muito
cuidado para não gerar um clima inflacionário ou problemas
lá fora", afirmou o ministro, referindo-se a eventuais questionamentos das medidas na
OMC (Organização Mundial do
Comércio).
Lupi considerou preocupante a queda contínua do dólar,
mas ressalvou que o governo
começa a tomar as medidas necessárias para evitar maiores
prejuízos para as empresas. Para ele, o pacote vai além da desoneração da folha de pagamento de alguns setores.
Medidas
Por enquanto, o governo elevou a 35% a Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação
de calçados e confecções. Além
das medidas de desoneração
que estão sendo estudadas pelo
Ministério da Fazenda, o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai oferecer financiamento em condições especiais,
e com com maior facilidade de
acesso, para as indústrias de
calçados, confecções, móveis,
naval e automobilística.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo), Paulo Skaf, quer
que o governo federal liberalize
remessas de dólar ao exterior,
para reduzir a entrada de dólares do país, estimulada pela taxa de juros e pelos pagamentos
pela exportações, que vem batendo recordes.
"O governo deveria elevar de
30%, para 70% ou 100% o volume de receita de exportação
que pode ficar no exterior", disse Skaf. No ano passado, o governo alterou a legislação para
permitir que os exportadores
mantenham 30% das receitas
de exportação no exterior, mas
o benefício ainda não está sendo utilizado plenamente pelos
exportadores.
Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de Brasília
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