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Lula defende nacionalismo e Bovespa
Presidente afirma que Bolsa, onde só entrou após "muita labuta", deve agradecê-lo por ter deixado de ser um "enfeite"
Ele diz ainda que governo deve proteger indústria ameaçada por importações, mas cobra investimento de empresas em inovação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, a Bolsa de Valores
de São Paulo deve agradecimentos públicos ao governo
por ter deixado de ser quase um
"enfeite" e ter chegado a uma
situação descrita por ele como
"extraordinária".
O "desabafo" foi feito pelo
presidente em discurso aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social. Ele também disse que o
país não pode ter medo de dizer
que é nacionalista e defendeu o
auxílio às empresas afetadas
pela desvalorização do dólar.
Lula disse que somente depois de "muita labuta", conseguiu entrar na Bolsa em 2002,
na campanha presidencial,
"porque o medo que eles tinham de mim era um negócio
maluco".
E acrescentou: " Hoje, a Bolsa
de Valores deve, publicamente,
sempre que puder, agradecer
tudo o que foi feito neste governo para chegar à situação extraordinária em que está. Hoje
ela está parecendo uma Bolsa
mesmo, porque tem volume.
Não é aquela bolsa pequenininha, que parecia um enfeite".
Lula ainda acrescentou que a
Bolsa venceu os preconceitos
que tinha em relação a ele. "Vejam como as coisas mudaram",
disse. À tarde, após a reunião do
Conselhão, a Folha tentou falar com o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano, que
participou do encontro, mas foi
informada, pela assessoria de
imprensa, que ele estava em
trânsito e não seria possível o
contato.
"Nacionalismo arcaico"
"Não tem que ter dogma não.
Isso não é um nacionalismo arcaico, não. Ter uma indústria
têxtil produzindo aqui no Brasil é condição "sine qua non" para se ter aumento, para ter trabalhador trabalhando, garantir
a nossa empresa de sapatos, a
nossa empresa de móveis", afirmou Lula a uma platéia que incluía empresários, ministros e
parlamentares.
Citando a questão do "excesso de entrada de dólares", o
presidente disse que o governo
tem de se preocupar com as
empresas brasileiras que, por
conta da desvalorização da
moeda americana, podem perder a competitividade.
Lula ressaltou que o governo
tem que fazer a parte política,
mas cobrou dos empresários
que invistam em inovação tecnológica.
Em uma defesa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o presidente citou os
investimentos em saneamento
básico. Disse que tem conversado com governadores e prefeitos para dinamizar a liberação dos recursos.
"Nós não queremos que o dinheiro se disperse, porque você
fica dando 500 mil para um lugar, 30 mil para outro lugar, 20
mil para outro lugar, aí quando
você vai ver o conjunto da obra,
não tem obra", afirmou.
(LETÍCIA SANDER e CLÁUDIA DIANNI)
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