São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lula defende nacionalismo e Bovespa

Presidente afirma que Bolsa, onde só entrou após "muita labuta", deve agradecê-lo por ter deixado de ser um "enfeite"

Ele diz ainda que governo deve proteger indústria ameaçada por importações, mas cobra investimento de empresas em inovação


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Bolsa de Valores de São Paulo deve agradecimentos públicos ao governo por ter deixado de ser quase um "enfeite" e ter chegado a uma situação descrita por ele como "extraordinária".
O "desabafo" foi feito pelo presidente em discurso aos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Ele também disse que o país não pode ter medo de dizer que é nacionalista e defendeu o auxílio às empresas afetadas pela desvalorização do dólar.
Lula disse que somente depois de "muita labuta", conseguiu entrar na Bolsa em 2002, na campanha presidencial, "porque o medo que eles tinham de mim era um negócio maluco".
E acrescentou: " Hoje, a Bolsa de Valores deve, publicamente, sempre que puder, agradecer tudo o que foi feito neste governo para chegar à situação extraordinária em que está. Hoje ela está parecendo uma Bolsa mesmo, porque tem volume. Não é aquela bolsa pequenininha, que parecia um enfeite".
Lula ainda acrescentou que a Bolsa venceu os preconceitos que tinha em relação a ele. "Vejam como as coisas mudaram", disse. À tarde, após a reunião do Conselhão, a Folha tentou falar com o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano, que participou do encontro, mas foi informada, pela assessoria de imprensa, que ele estava em trânsito e não seria possível o contato.

"Nacionalismo arcaico"
"Não tem que ter dogma não. Isso não é um nacionalismo arcaico, não. Ter uma indústria têxtil produzindo aqui no Brasil é condição "sine qua non" para se ter aumento, para ter trabalhador trabalhando, garantir a nossa empresa de sapatos, a nossa empresa de móveis", afirmou Lula a uma platéia que incluía empresários, ministros e parlamentares.
Citando a questão do "excesso de entrada de dólares", o presidente disse que o governo tem de se preocupar com as empresas brasileiras que, por conta da desvalorização da moeda americana, podem perder a competitividade.
Lula ressaltou que o governo tem que fazer a parte política, mas cobrou dos empresários que invistam em inovação tecnológica.
Em uma defesa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o presidente citou os investimentos em saneamento básico. Disse que tem conversado com governadores e prefeitos para dinamizar a liberação dos recursos.
"Nós não queremos que o dinheiro se disperse, porque você fica dando 500 mil para um lugar, 30 mil para outro lugar, 20 mil para outro lugar, aí quando você vai ver o conjunto da obra, não tem obra", afirmou. (LETÍCIA SANDER e CLÁUDIA DIANNI)

Texto Anterior: Acordo sobre Doha poderá ficar para o Rio, em junho
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.