São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Fundo brasileiro é iniciativa criativa, diz Price

O fundo soberano, anunciado na semana passada pelo governo federal, é uma iniciativa válida e criativa, segundo Antonio Cardoso Toro, sócio da PricewaterhouseCoopers.
Para o especialista, apesar de ter o mesmo nome do instrumento criado por países com excesso de poupança, o fundo não deve ser comparado com iniciativas estrangeiras.
"Eu acho que tem havido uma série de comparações equivocadas, talvez até pela infelicidade de chamarmos esse fundo de fundo soberano", diz Toro. "As pessoas acabam criticando essa iniciativa do governo brasileiro dizendo que nós não temos as mesmas condições, mas o que o Brasil quer atingir é outro objetivo, talvez com instrumento parecido."
Toro afirma que entende a criação do fundo como um auxílio para conter os efeitos que a supervalorização da moeda pode ter na economia local e na capacidade de exportação, motivação diferente da de outros países, de administrar o excesso de poupança local.
"De fato, se você falar em excesso de poupança, nós não a temos e teríamos outros problemas para resolver. Mas não é de hoje que exportadores brasileiros têm problemas de competitividade por causa da taxa de câmbio e não é de hoje que os produtos importados acabam tendo uma capacidade de penetração muito grande por conta do fluxo de investimento que nós recebemos", diz Toro.
Segundo o sócio da Price, o país tem que encontrar a sua vocação para ser líder no mercado global, sem imitar modelos, por exemplo, dos outros Brics (grupo também integrado por Rússia, Índia e China). Toro ressalta que, com o grau de investimento, o Brasil ingressou em um clube de países restrito e que, dentre eles, é o que oferece mais oportunidades de investimento. "Nesse clube, somos a nação que tem maior volume de demanda de crédito por projetos, por infra-estrutura e outras demandas."
Peter Spratt, também sócio da Price e que esteve no Brasil na semana passada, analisa que o fato de a economia estar crescendo e apresentar indicadores mais estáveis do que costumava pode fazer com o que receba o grau de investimento de outras agências.
Na avaliação do especialista, para isso, é preciso manter a inflação e a dívida pública sob controle. Para Spratt, mesmo com o real forte, é possível ter bons resultados com a exportação ao diversificar os destinos e intensificar relações com a Europa, por exemplo.
Sobre o mercado de ações, Toro também é otimista. "Algumas pessoas acharam que os ativos na Bovespa estavam sobrevalorizados, ela chegou a 60 mil pontos e agora estamos com mais de 70 mil pontos. Ninguém pode dizer com certeza qual é o limite, mas certamente ainda tem espaço para subir mais."

CHÃO DE GIZ

A Unesco fechou parceria com o Oi Futuro para elaborar indicadores de avaliação para a escola estadual de ensino médio que a empresa inaugura no dia 27, no Rio de Janeiro, conhecida por Nave (Núcleo Avançado em Educação). Os alunos terão aulas de programação de jogos eletrônicos e roteiro para TV digital, entre outras disciplinas focadas em novas tecnologias. "Além dos critérios de avaliação formais, todo o campo novo, que é o desenvolvimento de novas carreiras, vai necessitar de indicadores novos de avaliação dos alunos", diz George Moraes, vice-presidente do Oi Futuro. O investimento da Oi para viabilizar a escola é de cerca de R$ 8 milhões.

Construção civil puxa produção de cloro no primeiro trimestre

A produção brasileira de cloro registrou crescimento de 2,4% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 314,7 mil toneladas.
De acordo com a Abiclor (Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados), o desempenho pode ser atribuído à crescente demanda da indústria de poliuretanos e à alta da construção civil, responsável pelo consumo de 64% de todo o PVC (produto à base de cloro) fabricado no Brasil.
A expectativa é que a produção nacional de cloro chegue a 1,3 milhão de toneladas neste ano, com expansão de cerca de 4% na comparação com o ano passado.

PERNAMBUCANO
Marcos Magalhães, presidente do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação e do Conselho Consultivo da Philips na América Latina, lança, dia 20, em SP, o livro "A juventude brasileira ganha uma nova escola de Ensino Médio -Pernambuco cria, experimenta e aprova". No livro, o autor aborda as parcerias público-privadas na gestão da rede pública de ensino, usando um caso aplicado em Pernambuco.

CRÉDITO
Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa, anuncia amanhã, em Brasília, os resultados do balanço trimestral. Todas as linhas de crédito tiveram alta. As operações de crédito comercial chegaram a R$ 20,2 bilhões de saldo no trimestre, alta de 20%. No crédito para pessoa física, o aumento foi de 19%, passando para R$ 11,6 bilhões. No crédito para pessoa jurídica, a alta foi de 21%, chegando a R$ 8,6 bilhões no primeiro trimestre.

AMBIENTAL
A International Paper concluiu projeto para substituir o combustível usado em duas caldeiras, que são responsáveis pela geração de energia para fabricar celulose e papel na unidade de Mogi Guaçu (SP). O projeto foi auditado pela empresa americana de gerenciamento ambiental MWH e registrado na Chicago Climate Exchange, a Bolsa do Clima de Chicago, representando a venda de crédito de carbono no valor de US$ 1,2 milhão.


com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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