São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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"Não há risco de descumprir a meta de inflação"

DOS COLUNISTAS DA FOLHA O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admite que a inflação neste ano deva ultrapassar o centro da meta de 4,5%, mas diz que não há o menor risco de descumprir a meta (que vai de 2,5% a 6,5%). Exceto, é claro, se o petróleo chegar a US$ 200 o barril, o que ele acha improvável. Ele não descarta, porém, a adoção de novas medidas para ajudar no combate à inflação. A seguir, mais um trecho da entrevista:


NA META
"O IPCA acumulado dos últimos 12 meses já está em 5%. A projeção do Boletim Focus é de 4,86%, mas vai subir aos poucos e deve chegar aos 5% também. É possível a inflação atingir 5%, mas a inflação no Brasil, diga-se de passagem, é uma das mais bem comportadas do mundo, e nós estamos dentro da meta. Não nenhum perigo de descumprir a meta, a menos que o petróleo atinja US$ 200 o barril, o que acho improvável."

TENDÊNCIA
"Nós já atingimos os picos dos aumentos de preços. O maior impacto já passou. A inflação só registra uma vez esses aumentos. Quando o preço do trigo dobra, ele causa inflação, mas, se não subir mais, não terá mais impacto. E nós já atingimos o pico de diversos produtos, como soja, milho, feijão e trigo. Agora vêm uma safra boa dos Estados Unidos e daqui também. O grosso da inflação brasileira vem de fora. Trata-se de uma inflação de commodities, sobre a qual temos pouca possibilidade de ação. O que fazer? Reduzir os impostos sobre o trigo ou sobre a gasolina, como fizemos. Se não tivéssemos baixado a Cide sobre a gasolina, o impacto seria de 0,5% na inflação. Nós neutralizamos esse impacto."

OPORTUNIDADE
"Vamos apresentar um plano de expansão de oferta agrícola. O nosso objetivo é o de adotar medidas para estimular a oferta na agricultura. O Brasil tem que aproveitar esse choque de alimentos para expandir a produção agrícola. É uma oportunidade para o país. Nós produzimos tudo. Essa é uma grande chance para o país."

NOVAS MEDIDAS
"Nós estudamos tudo o que nos é apresentado como idéia para combate à inflação, como a idéia do Ministério da Agricultura de reduzir os impostos que incidem sobre os preços dos fertilizantes. De fato, o preço dos fertilizantes é um problema. Subiu muito e isso ajuda a aumentar o preço dos alimentos. Quando se faz política econômica, não se mira um objetivo apenas, mas um conjunto de objetivos. O BC só mira um objetivo [a inflação]. A política econômica é mais ampla. Preocupa-me, por exemplo, o déficit em transações correntes. E por essa razão a preocupação em dar mais competitividade à exportação brasileira."


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