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Transformação do Brasil veio para ficar, diz Setubal
Segundo o presidente do Itaú, país rompeu ciclo de crescimentos e retrações
Para o executivo, atual fase está criando as melhores condições de negócios que já presenciou; "não vejo o Brasil retrocedendo", afirma
TELMA MAROTTO
ADRIANA ARAI
DA BLOOMBERG
Roberto Egydio Setubal, presidente e diretor-geral do banco Itaú, a segundo maior instituição financeira privada do
Brasil, afirma que o país está
em um processo de "transformação" que está criando as melhores condições de negócios
que ele já viu.
O Brasil, a maior economia
da América Latina, rompeu um
ciclo de crescimentos e retrações devido às crescentes exportações de commodities e vai
ter um crescimento sustentável de 4% a 5%, disse Setubal
em entrevista nesta semana. A
classificação de crédito do Brasil como grau de investimento,
pela Standard & Poor's, no mês
passado, fez com que o país se
tornasse um ímã para investidores estrangeiros, afirma.
Setubal está expandindo as
suas operações no exterior e no
Brasil, capitalizando a valorização de 31% do real em relação
ao dólar desde maio de 2006, o
colapso da inflação -de quase
5.000% em 1994 para os atuais
5%- e as perdas dos competidores globais. Está abrindo representações no Oriente Médio
e na Ásia, contratando executivos do Deutsche Bank e da
Merrill Lynch e procurando
comprar ativos no Brasil de
empresas estrangeiras que possam estar se desfazendo a preços reduzidos. "Não vejo o Brasil retrocedendo", disse o executivo, de 53 anos, no escritório
em São Paulo. "A força da moeda e o grau de investimento vieram para ficar.""
O Brasil, que foi o maior devedor entre os mercados emergentes durante décadas, se tornou um credor externo líquido
em janeiro, depois que suas reservas internacionais atingiram o recorde de US$ 195,8 bilhões. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva aumentou a confiança no país ao reduzir o déficit orçamentário e permitir que
o Banco Central opere de forma
independente, disse Setubal.
Oportunidades
"O Brasil vai, nos próximos
anos, ter um crescimento em
instrumentos financeiros muito maior que o de qualquer outro país em que eu possa entrar", afirmou Setubal, membro do conselho consultivo internacional da divisão regional
de Nova York do BC dos EUA.
"As maiores oportunidades
para o Itaú estão no Brasil."
O banco tem planos de expandir sua rede de 2.782 agências em 140 unidades no Brasil
neste ano e contratar 5.000
funcionários para os seus quadros, atualmente de 66.442
pessoas, disse o diretor-executivo do Itaú, Silvio de Carvalho,
em entrevista concedida à
Bloomberg TV em 6 de maio.
Sob a direção de Setubal, que
se tornou o principal executivo
em 1994, as ações do Itaú deram retornos superiores a
1.300%, com dividendos, na última década no pregão da Bolsa
de Valores de São Paulo, mais
do que o dobro do crescimento
do Índice Bovespa e superiores
aos 1.092% em retornos totais
pagos pelo Banco Bradesco, o
maior banco privado do Brasil
em ativos. O estatal Banco do
Brasil, o maior banco da América Latina em ativos, registrou
alta de 771% no período.
"A transformação por que
passamos nos últimos dez anos
é muito sólida", afirmou.
O Itaú está tirando vantagem
das perdas nos mercados de
crédito imobiliário residencial
e de dívida em títulos, que enfraqueceram os seus concorrentes internacionais, disse Setubal. Os bancos e seguradoras
internacionais levantaram cerca de US$ 260 bilhões em capital desde julho do ano passado,
depois de baixas contábeis e
perdas de crédito de pelo menos US$ 342 bilhões.
"Temos sorte com esta crise
porque ela nos deu tempo para
desenvolver o nosso negócio",
disse Setubal. "Hoje estou fortalecendo a minha empresa,
contratando bons profissionais
no mercado, desenvolvendo a
influência da minha marca."
O Itaú contratou 196 pessoas
nos últimos 12 meses para a sua
unidade de banco de investimentos, o Itaú BBA, o maior
banco brasileiro de atacado
-entre elas, Alexandre Aoude,
ex-chefe do Deutsche Bank no
Brasil. O quadro de funcionários do Itaú BBA aumentou de
830 pessoas no fim de abril de
2007 para 1.026 um ano depois,
segundo o banco.
Na opinião de Setubal, os juros altos não vão deter o crescimento da economia brasileira,
e a ação do Banco Central foi
um outro sinal do compromisso do governo com as políticas
econômicas saudáveis.
"Isto é uma grande mudança
no Brasil", acrescentou. "Os políticos acreditavam que gastar
era muito popular e agora eles
aprenderam que a estabilidade
dos preços é muito mais popular", afirmou.
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