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Folhainvest
Mudança na poupança exige cautela
Para especialistas, investidores devem aguardar efetivação de novas regras para estudar melhor opção de aplicação
Governo anunciou cobrança
de Imposto de Renda de
aplicações em caderneta
com saldo superior a
R$ 50 mil a partir de 2010
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Nenhuma das alterações da
poupança e dos fundos de investimento que o governo Luiz
Inácio Lula da Silva anunciou
na semana passada entrou em
vigor, mas os investidores de
todos os portes estão bastante
confusos e se perguntam qual é
a melhor estratégia a seguir daqui em diante a fim de conseguir bons retornos para as suas
economias.
Nada muda para quem tem
até R$ 50 mil disponíveis para
aplicações.
Para o investidor que tem um
montante maior, nada muda
ainda, também porque alguns
detalhes sobre as novas regras
não foram divulgados, como o
tamanho efetivo do desconto
de Imposto de Renda que será
concedido aos cotistas de fundos durante 2009. Além disso,
o Congresso ainda precisa
aprovar as alterações.
Mas é possível fazer uma reflexão a respeito das táticas empregadas e, pensando nas mudanças que devem ser implantadas, tentar aperfeiçoá-las.
Com a queda da taxa básica
de juros da economia -a Selic
foi reduzida pelo Banco Central
em 3,5 pontos percentuais desde dezembro-, a caderneta de
poupança, a qual oferece rendimentos garantidos de 6% mais
a TR (Taxa Referencial), já se
mostra mais atraente para o investidor do que muitos fundos
de investimento. A variável decisiva nessa comparação é a taxa de administração cobrada
dos fundos -quanto mais elevada, menores os ganhos que
sobram para o cotista.
De acordo com os cálculos
feitos pelo professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras) Eduardo Paiva a
pedido da Folha, com a Selic a
10,25% ao ano, como se encontra agora, somente fundos com
taxa inferior a 2% apresentam
retorno superior ao oferecido
pela poupança, considerando a
cobrança de 15% de IR, uma
alíquota aplicável ao cotista
que fica no mínimo dois anos
com o seu dinheiro investido.
O cenário é praticamente
igual quando a simulação desconta dos rendimentos da poupança o Imposto de Renda que
deve ser cobrado a partir do
ano que vem dos investidores
cujo saldo na caderneta seja superior a R$ 50 mil.
E, conforme a Selic vai sendo
reduzida, menos sedutores ficam os fundos. Chegando a 8%
ao ano, perdem da poupança
sempre. Nesse ponto, dizem os
especialistas, será inevitável
para o governo mexer no rendimento da caderneta.
Vantagens e desvantagens
"O investidor, antes de pensar em sair da sua aplicação,
tem que esperar para verificar
se tudo o que foi anunciado vai
se tornar realidade. Aí, sim, haverá parâmetros para analisar,
na ponta do lápis, se vale a pena
partir ou ficar", diz Mauro Calil, professor e consultor do
Centro de Estudos Calil & Calil.
No momento em que as normas estiverem em vigor, a primeira providência a ser tomada
é negociar com o gerente do
banco taxas de administração
menores ou procurar outras
instituições que ofereçam condições mais vantajosas -lembrando que a alíquota de Imposto de Renda muda quando
se troca de instituição, pois a
contagem de tempo zera.
"Dependendo do caso, uma
diferença de R$ 10 nos rendimentos nem sequer compensa
o trabalho de trocar, afinal, esse
dinheiro pode representar as
qualidades de uma alternativa
ou de outra", afirma Paiva. "A
poupança se beneficia do fundo
garantidor de crédito, do governo federal, que devolve para o
investidor até R$ 60 mil na hipótese de quebra do banco. Demora um pouco mais para recuperar os recursos do fundo se
houver algum tipo de problema. Só que o fundo agrega outros serviços que podem ser cômodos para o cliente. Cada um
tem que pensar na sua conveniência e, importantíssimo, nos
planos que faz para os recursos
guardados. Esses objetivos é
que devem guiar a escolha do
instrumento mais adequado."
Outro conselho de Paiva é
que o investidor perca o medo
de aplicar em renda variável:
ações e derivativos. São alternativas mais arriscadas; porém,
no longo prazo, podem proporcionar ganhos maiores do que a
poupança e os fundos.
"Entendo que existe um certo medo. No entanto, todos
compramos geladeiras sem
sermos eletricistas para saber
quanto consome de energia ou
notebooks sem sermos experts
em informática. O mesmo vale
para a Bolsa de Valores, trata-se de um produto como qualquer outro, a respeito do qual
precisamos ter todas as informações antes de adquirir."
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