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RECEITA ORTODOXA
Nos últimos três dias, bancos operaram no mercado futuro com taxas inferiores à Selic, hoje em 26,5%
Mercado projeta corte de juro de até 1 ponto
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos operaram no mercado futuro nos últimos três dias
projetando corte da taxa básica de
juros (Selic) entre 0,5 e 1 ponto
percentual. O próprio BC tem
mantido a taxa básica efetiva
abaixo da meta definida pelo Comitê de Política Monetária.
Ontem, a taxa embutida nos
contratos futuros de juros com
vencimento em julho fechou em
25,84%. Uma semana atrás, estava em 26,01%.
Outro dado que contribuiu para
a expectativa de que o Copom
cortará os juros hoje foi a segunda
prévia do IGP-M de junho, divulgada ontem. O índice apontou deflação de 0,66%, enquanto o mercado esperava recuo de até 0,50%.
"Ficou mais confortável para o
BC cortar os juros", disse Carlos
Kawall, economista-chefe do Citibank, que estimava deflação de
0,40%. Kawall acredita que o Copom vá cortar os juros em 0,5
ponto percentual.
Desde o começo do mês que a
taxa básica efetiva tem ficado em
torno de 0,25 ponto percentual
abaixo da meta de juros estabelecida pelo Copom, atualmente em
26,5% ao ano.
Quando o Copom define os juros, em sua reunião mensal, na
verdade determina meta para a
taxa básica que prevalecerá pelos
30 dias seguintes. O BC opera no
mercado aberto, basicamente em
transações de compra e venda de
títulos públicos, para garantir que
a taxa efetiva de mercado fique o
mais próximo possível da meta.
O volume de transações realizadas pelo BC é tão grande que praticamente obriga as demais instituições a cobrar taxas bem próximas da meta.
Os bancos fazem diariamente
empréstimos entre si, para cobrir
necessidades momentâneas, no
Sistema Especial de Liquidação e
Custódia. Nessas operações são
dados títulos públicos como garantia. Além disso, quando os
bancos têm recursos extras em
caixa sem aplicação, o BC oferece
tomar dinheiro emprestado para
não deixar os recursos parados.
Ao final de cada dia, é apurada a
taxa média cobrada em todas essas operações, que é a Selic efetiva.
Segundo operadores do mercado, o BC tem oferecido aos bancos
nos últimos dias taxas mais baixas
do que a meta da Selic. Uma das
explicações é que tem havido
muita sobra de recursos nas instituições financeiras ao final do dia.
Assim, para punir os bancos, que
não estariam destinando recursos
para aplicações, o BC pagaria sobre os recursos excedentes taxas
menores que a meta da Selic.
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