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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Nos últimos três dias, bancos operaram no mercado futuro com taxas inferiores à Selic, hoje em 26,5%

Mercado projeta corte de juro de até 1 ponto

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos operaram no mercado futuro nos últimos três dias projetando corte da taxa básica de juros (Selic) entre 0,5 e 1 ponto percentual. O próprio BC tem mantido a taxa básica efetiva abaixo da meta definida pelo Comitê de Política Monetária.
Ontem, a taxa embutida nos contratos futuros de juros com vencimento em julho fechou em 25,84%. Uma semana atrás, estava em 26,01%.
Outro dado que contribuiu para a expectativa de que o Copom cortará os juros hoje foi a segunda prévia do IGP-M de junho, divulgada ontem. O índice apontou deflação de 0,66%, enquanto o mercado esperava recuo de até 0,50%.
"Ficou mais confortável para o BC cortar os juros", disse Carlos Kawall, economista-chefe do Citibank, que estimava deflação de 0,40%. Kawall acredita que o Copom vá cortar os juros em 0,5 ponto percentual.
Desde o começo do mês que a taxa básica efetiva tem ficado em torno de 0,25 ponto percentual abaixo da meta de juros estabelecida pelo Copom, atualmente em 26,5% ao ano.
Quando o Copom define os juros, em sua reunião mensal, na verdade determina meta para a taxa básica que prevalecerá pelos 30 dias seguintes. O BC opera no mercado aberto, basicamente em transações de compra e venda de títulos públicos, para garantir que a taxa efetiva de mercado fique o mais próximo possível da meta.
O volume de transações realizadas pelo BC é tão grande que praticamente obriga as demais instituições a cobrar taxas bem próximas da meta.
Os bancos fazem diariamente empréstimos entre si, para cobrir necessidades momentâneas, no Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Nessas operações são dados títulos públicos como garantia. Além disso, quando os bancos têm recursos extras em caixa sem aplicação, o BC oferece tomar dinheiro emprestado para não deixar os recursos parados.
Ao final de cada dia, é apurada a taxa média cobrada em todas essas operações, que é a Selic efetiva.
Segundo operadores do mercado, o BC tem oferecido aos bancos nos últimos dias taxas mais baixas do que a meta da Selic. Uma das explicações é que tem havido muita sobra de recursos nas instituições financeiras ao final do dia. Assim, para punir os bancos, que não estariam destinando recursos para aplicações, o BC pagaria sobre os recursos excedentes taxas menores que a meta da Selic.


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