São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rigotto sugere recurso à OMC para contornar banimento ao produto

CLÁUDIA TREVISAN
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, disse ontem que o Brasil poderia recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) para tentar solucionar o caso do veto da soja pelos chineses. "Se não houver solução para o caso, vai ficar claro que se trata de uma guerra comercial. Aí, a única solução será o recurso à OMC", disse ontem Rigotto em Xangai, que iniciou ontem visita de dez dias à China.
Rigotto é o segundo governador a citar a OMC como recurso para resolver o polêmica da soja brasileira. Na quarta-feira, o governador de Mato Grosso e maior produtor de soja do país, Blairo Maggi (PPS), disse que os chineses mantêm níveis de tolerância diferentes para os exportadores.
Segundo Maggi, para os EUA, por exemplo, em cada quilo pode haver até três grãos contaminados. "Se as regras valem para os americanos e para os argentinos, então o Brasil terá que usar a OMC para resolver o problema."
Representantes do governo brasileiro terão uma reunião decisiva com funcionários do Ministério da Quarentena da China na terça-feira, durante a qual tentarão suspender o veto às exportações de soja que já atinge 23 empresas com atuação no Brasil.
O governador do Rio Grande do Sul afirmou estar confiante em que a China aceitará os argumentos brasileiros e revogará a suspensão das empresas, que paralisou os embarques de soja do Brasil para o país asiático. Segundo ele, não há motivo para manutenção do veto depois de o Ministério da Agricultura do Brasil ter adotado padrões sanitários rigorosos.
Os chineses recusaram o carregamento de cinco navios, sob o argumento de que continham sementes tratadas com o agroquímico Carboxin. Na semana retrasada, o Ministério da Agricultura brasileiro editou instrução normativa que fixa o limite máximo de um grão contaminado por quilo de soja nas exportações brasileiras. A regra é mais rigorosa que a dos EUA e da Europa, que aceitam até três grãos por quilo.
O encontro de terça-feira terá a participação do secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano, do secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Odacir Klein, e de representantes da Embaixada do Brasil em Pequim.
O conflito em torno da soja será um dos principais pontos da visita de Rigotto, cujo objetivo original era a promoção comercial e a atração de investimentos chineses. O Estado do Rio Grande do Sul é o um dos mais prejudicados pelo veto à soja brasileira.
Além de enviar Klein para a reunião na Quarentena, o governador pretende tratar do assunto no encontro que terá com dirigentes do Ministério da Agricultura.
"Não pode perdurar essa situação, em que 1, 2 ou 3 erraram e todos são prejudicados", ressaltou Rigotto. O governador disse ainda que convidará os chineses a visitar os armazéns e portos brasileiros para ver de perto as condições sanitárias da soja do país.
"O veto não é bom para a relação comercial entre os dois países, porque pode dar a impressão de que os chineses estão usando isso para derrubar e renegociar preços já contratados", acrescentou.


Texto Anterior: Bastidores: Presidente diz sentir-se traído pelos chineses
Próximo Texto: Sucessão: Cláudio Vaz apresenta chapa para a Fiesp
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.