São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004 |
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Ministros apóiam manutenção da taxa Selic em 16%
SÍLVIA MUGNATTO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Pelo menos três ministros da área econômica do governo defenderam ontem a manutenção da Selic (taxa básica de juros) em 16% ao ano, decidida na quarta-feira pelo Copom (Comitê de Política Monetária). O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse que não há motivos para interrupção do processo de crescimento econômico por causa das ações do Banco Central. "O BC não aumentou os juros, manteve-os. Se a manutenção das taxas permitiu o crescimento até agora, por que em determinado momento não vai mais permitir?", disse, ao sair ontem de uma audiência no Congresso. "Hoje temos condições suficientes para que o emprego cresça, mas é óbvio que juros mais baixos são um fator adicional", comentou o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini. Segundo o ministro, porém, é necessário combater a inflação e mantê-la em patamar baixo. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, disse que, como todo mundo, ainda não conhece as razões do BC para manter os juros. "Eles devem ter detectado alguma pressão inflacionária por causa do aumento dos preços do petróleo ou da alta do dólar. Mas isso não significa que as taxas não vão continuar baixando." Mantega afirmou, porém, que existe uma margem de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo na meta de inflação de 5,5% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). "A meta pode ser atingida com a margem de tolerância", explicou. De acordo com o Banco Central, a manutenção de juros elevados pode interromper a alta da inflação, restringindo a atividade econômica. Palocci descartou mudanças nas metas de inflação deste ano ou de 2005. "Se toda vez que a inflação pressionar a gente aumentar a meta, o resultado é fácil de prever: vai ter hiperinflação. Aliás, a nossa história é rica em exemplos nesse sentido", disse. Para Palocci, a política monetária já fez um movimento importante em 2003 para o combate à inflação. Ele lembrou que o BC reduziu a taxa básica de juros em 10,5 pontos percentuais. "Desde o início do terceiro trimestre de 2003 houve a recuperação da atividade econômica e da renda das famílias. É preciso persistir nesse caminho." Ao responder a perguntas dos deputados da Comissão Especial das Agências Reguladoras da Câmara dos Deputados, Palocci disse que é necessário que as pessoas tenham mais confiança no potencial do país. "É preciso que o Brasil não tenha medo do sucesso. O Brasil se coloca muito em dúvida", afirmou. Segundo Palocci, o país deve se concentrar mais em aperfeiçoar os mecanismos institucionais que vão permitir maiores investimentos no país do que em acompanhar a evolução das taxas de juros. "Temos condições de crescer por 10 ou 15 anos a taxas [de crescimento] cada vez maiores. A questão fundamental não são as condições macroeconômicas, mas de que maneira o Brasil vai ampliar a sua musculatura." Texto Anterior: Trecho Próximo Texto: Previdência: Força-tarefa do INSS mostra falhas em SP Índice |
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