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Meta de inflação de 2008 deve ser de 4,5%
CMN, que se reúne na quinta, deve confirmar o mesmo alvo para o ano que vem, com intervalo de dois pontos percentuais
Equipe também vai definir nova TJLP, hoje em 8,15% anuais; tendência é nova
redução, o que atenderá pedido do setor produtivo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CMN (Conselho Monetário Nacional) fixará em 4,5% ao
ano a meta de inflação (IPCA)
para 2008, segundo apurou a
Folha em conversas reservadas com auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
CMN, que se reunirá na próxima quinta-feira, pretende confirmar a meta de 4,5% para
2007. E deve manter inalterado
o intervalo de variação em relação ao centro da meta (dois
pontos percentuais para mais
ou para menos, o que deixa o teto da inflação em 6,5% ao ano).
Na última semana, Lula teve
conversas separadas com os
três integrantes do CMN: o
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, e os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda). Ouviu de todos eles a
opinião de que a meta de inflação de 2008 deveria ser mantida no patamar atual. O presidente concordou e avalizou a
decisão.
TJLP
Além de confirmar a meta de
inflação de 2007 e fixar a de
2008, o CMN discutirá ainda a
eventual redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo).
Essa taxa é fixada trimestralmente. Para os meses de abril,
maio e junho, foi estabelecida
em 8,15%. A tendência é que
haja redução para o próximo
trimestre, mas os três membros do conselho ainda precisam chegar a um consenso.
Crítico do Banco Central e de
suposta ambição da meta de inflação implementada pelo seu
antecessor, Antonio Palocci Filho, Mantega agora quer mantê-la em 4,5%. Considera que
não há clima político para mudá-la nem seria desejável fazê-lo, pois avalia que a inflação já
está próxima dos 4,5%.
Bernardo, afinado com o
pensamento de Palocci, ponderou que, num ano político, não
valeria a pena promover um debate sobre eventual redução da
meta, muito menos de seu aumento. Para ele, a inflação está
sob controle, e a preocupação
principal do governo para os
próximos anos deverá ser com
a redução de gastos públicos,
apesar de Lula tê-los elevado
neste ano, quando disputará a
reeleição.
Segundo um auxiliar direto
de Lula, o presidente achou
mais sensata a posição defendida por Meirelles e a usou como
argumento em reunião com
aliados políticos.
Na opinião do presidente do
BC, o Brasil deveria consolidar
nos próximos anos um patamar
baixo de inflação, obtido a duras penas. Daí ter defendido a
manutenção dos 4,5% para
2008 e até mesmo para os dois
últimos anos de um eventual
segundo mandato de Lula.
No alvo
Neste ano, será a primeira
vez em que deverá ser atingido
o centro da meta de 4,5%. Em
2005, o Banco Central o alterou
para 5,1%. E obteve inflação de
5,7% naquele ano.
Em 2006, após o forte aperto
monetário que começou a ser
relaxado em setembro do ano
passado, a inflação poderá ficar
até um pouco abaixo do centro
da meta. A última pesquisa realizada pelo Banco Central semanalmente com instituições
financeiras e empresas de consultoria aponta que a inflação
fechará o ano em 4,22%.
Usando argumento que ouviu de Meirelles, Lula tem dito
que faz mais sentido buscar repetir tal patamar nos próximos
anos do que apertar a meta um
pouco mais. O presidente do
Banco Central defende que inflação superior a 5% já traz forte risco de indexação. Avalia
que 4,5% é o possível no atual
estágio econômico do país para
que não seja necessário novo e
duro processo de alta da taxa
básica de juros, a Selic, hoje em
15,25% anuais.
Meirelles disse a Lula que a
economia estará crescendo
perto de 5% ao ano no auge da
disputa eleitoral, cujo primeiro
turno será em 1º de outubro.
Para o presidente, a economia e
o Bolsa-Família são responsáveis pelo seu favoritismo nas
pesquisas.
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