São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meta de inflação de 2008 deve ser de 4,5%

CMN, que se reúne na quinta, deve confirmar o mesmo alvo para o ano que vem, com intervalo de dois pontos percentuais

Equipe também vai definir nova TJLP, hoje em 8,15% anuais; tendência é nova redução, o que atenderá pedido do setor produtivo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O CMN (Conselho Monetário Nacional) fixará em 4,5% ao ano a meta de inflação (IPCA) para 2008, segundo apurou a Folha em conversas reservadas com auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O CMN, que se reunirá na próxima quinta-feira, pretende confirmar a meta de 4,5% para 2007. E deve manter inalterado o intervalo de variação em relação ao centro da meta (dois pontos percentuais para mais ou para menos, o que deixa o teto da inflação em 6,5% ao ano).
Na última semana, Lula teve conversas separadas com os três integrantes do CMN: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e os ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Guido Mantega (Fazenda). Ouviu de todos eles a opinião de que a meta de inflação de 2008 deveria ser mantida no patamar atual. O presidente concordou e avalizou a decisão.

TJLP
Além de confirmar a meta de inflação de 2007 e fixar a de 2008, o CMN discutirá ainda a eventual redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Essa taxa é fixada trimestralmente. Para os meses de abril, maio e junho, foi estabelecida em 8,15%. A tendência é que haja redução para o próximo trimestre, mas os três membros do conselho ainda precisam chegar a um consenso.
Crítico do Banco Central e de suposta ambição da meta de inflação implementada pelo seu antecessor, Antonio Palocci Filho, Mantega agora quer mantê-la em 4,5%. Considera que não há clima político para mudá-la nem seria desejável fazê-lo, pois avalia que a inflação já está próxima dos 4,5%.
Bernardo, afinado com o pensamento de Palocci, ponderou que, num ano político, não valeria a pena promover um debate sobre eventual redução da meta, muito menos de seu aumento. Para ele, a inflação está sob controle, e a preocupação principal do governo para os próximos anos deverá ser com a redução de gastos públicos, apesar de Lula tê-los elevado neste ano, quando disputará a reeleição.
Segundo um auxiliar direto de Lula, o presidente achou mais sensata a posição defendida por Meirelles e a usou como argumento em reunião com aliados políticos.
Na opinião do presidente do BC, o Brasil deveria consolidar nos próximos anos um patamar baixo de inflação, obtido a duras penas. Daí ter defendido a manutenção dos 4,5% para 2008 e até mesmo para os dois últimos anos de um eventual segundo mandato de Lula.

No alvo
Neste ano, será a primeira vez em que deverá ser atingido o centro da meta de 4,5%. Em 2005, o Banco Central o alterou para 5,1%. E obteve inflação de 5,7% naquele ano.
Em 2006, após o forte aperto monetário que começou a ser relaxado em setembro do ano passado, a inflação poderá ficar até um pouco abaixo do centro da meta. A última pesquisa realizada pelo Banco Central semanalmente com instituições financeiras e empresas de consultoria aponta que a inflação fechará o ano em 4,22%.
Usando argumento que ouviu de Meirelles, Lula tem dito que faz mais sentido buscar repetir tal patamar nos próximos anos do que apertar a meta um pouco mais. O presidente do Banco Central defende que inflação superior a 5% já traz forte risco de indexação. Avalia que 4,5% é o possível no atual estágio econômico do país para que não seja necessário novo e duro processo de alta da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 15,25% anuais.
Meirelles disse a Lula que a economia estará crescendo perto de 5% ao ano no auge da disputa eleitoral, cujo primeiro turno será em 1º de outubro. Para o presidente, a economia e o Bolsa-Família são responsáveis pelo seu favoritismo nas pesquisas.


Texto Anterior: Outro lado: Advogado nega desvio de recurso
Próximo Texto: [+] Saiba mais: Definir alvo dois anos antes só deu certo uma vez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.