São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

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Câmbio e falta de mão-de-obra especializada limitam o setor

DA REPORTAGEM LOCAL

O desconhecimento no exterior em relação ao mercado de TI (tecnologia da informação) no Brasil, a limitação na oferta de mão-de-obra especializada, a pouca penetração do inglês e o real forte são os principais problemas para elevar a exportação de serviços tecnológicos no ritmo desejado pelo setor.
As universidades brasileiras formam por ano cerca de 15 mil pessoas com capacitação para trabalhar com TI, enquanto as indianas despejam no mercado 200 mil a cada ano.
Para atingir a meta de exportação de US$ 5 bilhões em 2010 é necessária a formação adicional de 100 mil profissionais, avalia Fernando Graton, da TCS (Tata Consultancy Service). No ano passado, já havia 17 mil vagas não-preenchidas pela ausência de pessoas com formação adequada. Com isso, o Brasil deixa de aproveitar a forte demanda mundial por serviços tecnológicos, que cresce a uma média de 40% ao ano.
A globalização de serviços só foi possível depois da revolução nas comunicações provocada pela internet, que permitiu às empresas transferirem a países mais baratos operações que antes eram feitas em seus escritórios. "Nesse setor, não vale nenhuma regra de imigração. Eu posso trabalhar lá sem estar lá", diz Carlos Netto, da Matera, especializada no desenvolvimento e manutenção de softwares.
Jacques Depocas, diretor do Centro de Tecnologia Global do HSBC no Brasil, observa que o custo de manutenção de um profissional de TI nos EUA e no Reino Unido gira em torno de US$ 16 mil mensais. No Brasil, fica abaixo de US$ 5.000 (incluindo salários, encargos, ocupação de espaço, benefícios).
O Brasil exportou no ano passado US$ 800 milhões em softwares e serviços de TI e, em 2007, a cifra deve chegar a US$ 1 bilhão. O número está longe da meta de US$ 2 bilhões para este ano fixada pelo governo, mas, apesar dos resultados acanhados, a tendência é de alta.
O HSBC inaugurou o Centro de Tecnologia Global do Brasil em agosto de 2006, para atender unidades do banco em outros países. Para reduzir custos, o HSBC decidiu que 50% de suas atividades de TI nos países desenvolvidos terão de ser realizadas "offshore", jargão que indica a transferência dos serviços para regiões mais baratas.
A gigante do setor de alumínio Alcoa também optou pelo "offshoring". Em 2005, criou um GBS (Global Business Service) no Brasil, com a função de realizar operações administrativas para suas unidades na América do Sul. O passo seguinte foi a execução de serviços para os EUA, diz José Carlos Danza, diretor do GBS. Entre as atividades realizadas no Brasil estão a contabilidade e a elaboração de relatórios.
Esse tipo de "offshoring" é a tendência mais recente no movimento global de divisão de tarefas. Batizada de BPO (Business Process Operation), é conhecida por "back office". Na prática, parte do trabalho de escritório das empresas é realizada em outros países. (CT)

Os US$ 800 milhões representaram metade das exportações de álcool etílico do Brasil no ano passado

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