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Câmbio e falta de mão-de-obra especializada limitam o setor
DA REPORTAGEM LOCAL
O desconhecimento no exterior em relação ao mercado de
TI (tecnologia da informação)
no Brasil, a limitação na oferta
de mão-de-obra especializada,
a pouca penetração do inglês e
o real forte são os principais
problemas para elevar a exportação de serviços tecnológicos
no ritmo desejado pelo setor.
As universidades brasileiras
formam por ano cerca de 15 mil
pessoas com capacitação para
trabalhar com TI, enquanto as
indianas despejam no mercado
200 mil a cada ano.
Para atingir a meta de exportação de US$ 5 bilhões em 2010
é necessária a formação adicional de 100 mil profissionais,
avalia Fernando Graton, da
TCS (Tata Consultancy Service). No ano passado, já havia 17
mil vagas não-preenchidas pela
ausência de pessoas com formação adequada. Com isso, o
Brasil deixa de aproveitar a forte demanda mundial por serviços tecnológicos, que cresce a
uma média de 40% ao ano.
A globalização de serviços só
foi possível depois da revolução
nas comunicações provocada
pela internet, que permitiu às
empresas transferirem a países
mais baratos operações que antes eram feitas em seus escritórios. "Nesse setor, não vale nenhuma regra de imigração. Eu
posso trabalhar lá sem estar lá",
diz Carlos Netto, da Matera, especializada no desenvolvimento e manutenção de softwares.
Jacques Depocas, diretor do
Centro de Tecnologia Global do
HSBC no Brasil, observa que o
custo de manutenção de um
profissional de TI nos EUA e no
Reino Unido gira em torno de
US$ 16 mil mensais. No Brasil,
fica abaixo de US$ 5.000 (incluindo salários, encargos, ocupação de espaço, benefícios).
O Brasil exportou no ano
passado US$ 800 milhões em
softwares e serviços de TI e, em
2007, a cifra deve chegar a US$
1 bilhão. O número está longe
da meta de US$ 2 bilhões para
este ano fixada pelo governo,
mas, apesar dos resultados acanhados, a tendência é de alta.
O HSBC inaugurou o Centro
de Tecnologia Global do Brasil
em agosto de 2006, para atender unidades do banco em outros países. Para reduzir custos,
o HSBC decidiu que 50% de
suas atividades de TI nos países
desenvolvidos terão de ser realizadas "offshore", jargão que
indica a transferência dos serviços para regiões mais baratas.
A gigante do setor de alumínio Alcoa também optou pelo
"offshoring". Em 2005, criou
um GBS (Global Business Service) no Brasil, com a função de
realizar operações administrativas para suas unidades na
América do Sul. O passo seguinte foi a execução de serviços para os EUA, diz José Carlos Danza, diretor do GBS. Entre as atividades realizadas no
Brasil estão a contabilidade e a
elaboração de relatórios.
Esse tipo de "offshoring" é a
tendência mais recente no movimento global de divisão de tarefas. Batizada de BPO (Business Process Operation), é conhecida por "back office". Na
prática, parte do trabalho de escritório das empresas é realizada em outros países.
(CT)
Os US$ 800 milhões representaram metade das exportações de álcool etílico do Brasil no ano passado
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