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Clube de investimento populariza Bolsa
Bovespa tem recorde na criação de clubes de investimentos, que chegam a 1.821, com patrimônio de R$ 11,1 bilhões
Com visão de mais longo prazo, associações são conservadoras e costumam render mais que os fundos referenciados no Ibovespa
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Juntar colegas de trabalho ou
amigos com disposição para assumir algum risco e investir em
ações nunca foi tão comum. Só
em maio, a Bovespa registrou a
criação recorde de 80 novos
clubes de investimento, uma
espécie de condomínio de investidores para negociar ações
com pouco dinheiro.
Hoje, os 1.821 clubes de investimento da Bovespa somam
um patrimônio de R$ 11,1 bilhões e quase 134 mil cotistas.
Há clubes de universitários,
músicos, engenheiros, aposentados, donas-de-casa e até de
jogadores de futebol amador.
Geralmente, a participação é
restrita ao grupo. Em comum, a
maioria permitiu a primeira
aplicação na Bolsa com pequeno comprometimento financeiro, de forma conservadora.
"Os clubes são quase todos
conservadores. Investem só em
ações de empresas sólidas, conhecidas que, mesmo se tiverem perdas, não vão desaparecer. Quase nenhum é alavancado ou utiliza derivativos", disse
Robson Domingues Queiroz,
diretor da Corretora SLW, que
somou cem clubes em junho.
"Elegemos o clube de investimento como o melhor instrumento para a popularização do
mercado", disse José Roberto
Mubarack, da Bovespa.
Para abrir um clube, o grupo
deve primeiro procurar a Bolsa
ou uma corretora, fazer um estatuto e pedir um CNPJ. Só depois escolhe as ações que farão
parte da carteira e decide a melhor estratégia no mercado.
Além do clube de investimento, para negociar ações o
novo investidor pode aderir a
um fundo de renda variável. A
vantagem do clube é que ele
permite a participação dos cotistas na gestão, além de um
acompanhamento detalhado
do desempenho das ações.
Os fundos apenas prestam
conta diária dos valores das cotas. Sem falar que as taxas de
administração dos fundos costumam ser superiores aos encargos dos clubes.
Muitos investidores dos clubes tomaram gosto pelas ações,
que decidiram investir sozinhos por meio dos "homebrokers" (pela internet), como Rodrigo Chen, 26, do Clube do Cofrinho, grupo formado por ex-estudantes de mecatrônica da
USP. "Ganhei mais no clube do
que no "homebroker". O "homebroker" serve mais para investir
em ações que só eu aposto e fazer posições mais curtas."
Fundado em janeiro de 2004,
o Cofrinho já rendeu 194% -no
mesmo período, um fundo com
a composição do Ibovespa teve
alta de 125%.
Rendimento acima da média
do mercado -leia-se o Ibovespa- também costuma ser a
meta da maioria dos clubes. Isso porque vários deles refletem
o Ibovespa, mas sem as empresas de maior risco, como as de
telecomunicações.
Para dar suporte aos novatos
na Bolsa, o INI (Instituto Nacional de Investidores) dispõe
de ferramentas e de um banco
de dados para analisar o desempenho das empresas.
Segundo Theo Rodrigues, diretor-geral do INI, entre as
principais dúvidas dos novatos
estão os custos para operar e o
risco de perder tudo. "A receita
infalível é uma mistura de disciplina para investir, estudar e
escolher empresas sólidas. E,
principalmente, ter uma visão
de longo prazo."
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