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PREÇOS
Governo disse que esperava aumento de 11,3%; postos alegam que estão repassando o que pagam às distribuidoras
Gasolina sobe até 16,8% para consumidor
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento no preço da gasolina
chegou a 16,8%, em um posto da
zona norte de São Paulo, neste
fim-de-semana, onde o litro do
combustível passou de R$ 1,19 para R$ 1,39.
Nos 16 postos ouvidos pela Folha, os preços da gasolina subiram em média 14,6%, depois que
o governo autorizou o reajuste de
15% para as distribuidoras no último sábado. O governo esperava
que o impacto desse aumento para o consumidor final ficasse em
11,3%.
Só em Salvador, das nove regiões metropolitanas pesquisadas
pela Folha, o reajuste foi menor
que esperado pelo governo: 6,8%.
O maior aumento foi registrado
em Goiânia: 15,7% (veja quadro
ao lado).
Os postos alegam que apenas
repassaram para o consumidor o
reajuste que encontraram nos
preços das distribuidoras no fim-de-semana.
Das distribuidoras que operam
em São Paulo, a que apresentou a
maior alta foi a Shell, chegando a
17%.
O gerente de marketing da Shell,
Ricardo Pierantoni, diz que a empresa não havia repassado aos
postos de combustíveis o aumento do álcool na semana passada.
"Como seguramos o preço, tivemos agora uma combinação dos
dois efeitos."
Pierantoni diz acreditar que outras distribuidoras já tinham reajustado o preço da gasolina, devido ao aumento do álcool, na semana passada, e por isso tiveram
agora uma alta percentualmente
menor. A gasolina vendida nos
postos no país contém 24% de álcool.
Alguns postos de combustíveis
já começaram a sentir os reflexos
do aumento de preço no número
de consumidores.
Petrônio Carvalho, gerente de
um posto da zona sul de São Paulo, afirma que "desde o aumento,
no fim-de-semana, o movimentou caiu entre 20% e 30%". O preço do litro da gasolina no estabelecimento foi de R$ 1,29 para R$
1,45.
O encarregado do Sofiserv Auto
Posto, na zona norte, Paulo Pereira, também constatou queda no
movimento depois do aumento.
Álcool
As distribuidoras de combustível que atuam em Brasília aproveitaram o aumento do preço da
gasolina nas refinarias para aumentar também o álcool.
A justificativa apresentada pelos
distribuidores foi que os usineiros
aumentaram o produto em até
44% devido à entressafra. Em
Brasília, o aumento médio do álcool nos postos foi de 11,49%.
A quebra de safra da cana de
açúcar é atribuída à estiagem.
Com a falta de chuvas, os usineiros estariam produzindo 30%
menos álcool com a mesma quantidade de cana. Além disso, estariam preferindo fabricar açúcar,
que estaria com preços melhores
no mercado.
Procon
A orientação do Ministério de
Minas e Energia para os consumidores que detectarem aumentos
abusivos no preço da gasolina é
procurar o Procon de seu Estado.
Desde março, o ministério tem
um acordo com a Secretaria de
Direito Econômico (SDE), Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e Agência Nacional do Petróleo (ANP) para
monitorar preços e punir abusos.
Com o acordo, as informações
sobre preços e práticas ilegais de
mercado que qualquer um dos
quatro órgãos do governo tenha
serão compartilhadas.
Os Procons fornecem ao Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor, do Ministério da
Justiça, as reclamações dos consumidores. Essas informações são
repassadas à SDE e aos demais órgãos que fazem parte do acordo.
Desde o início do ano, 234 postos já foram processados por suspeita de formação de cartel. Todos os postos foram obrigados a
reduzir os preços, em caráter preventivo, enquanto não termina a
investigação.
O preço do litro da gasolina é liberado no Brasil. No entanto, o
governo pode punir aumentos
conjuntos de preço.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Agência Folha
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