São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2000


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PREÇOS
Governo disse que esperava aumento de 11,3%; postos alegam que estão repassando o que pagam às distribuidoras
Gasolina sobe até 16,8% para consumidor


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento no preço da gasolina chegou a 16,8%, em um posto da zona norte de São Paulo, neste fim-de-semana, onde o litro do combustível passou de R$ 1,19 para R$ 1,39.
Nos 16 postos ouvidos pela Folha, os preços da gasolina subiram em média 14,6%, depois que o governo autorizou o reajuste de 15% para as distribuidoras no último sábado. O governo esperava que o impacto desse aumento para o consumidor final ficasse em 11,3%.
Só em Salvador, das nove regiões metropolitanas pesquisadas pela Folha, o reajuste foi menor que esperado pelo governo: 6,8%. O maior aumento foi registrado em Goiânia: 15,7% (veja quadro ao lado).
Os postos alegam que apenas repassaram para o consumidor o reajuste que encontraram nos preços das distribuidoras no fim-de-semana.
Das distribuidoras que operam em São Paulo, a que apresentou a maior alta foi a Shell, chegando a 17%.
O gerente de marketing da Shell, Ricardo Pierantoni, diz que a empresa não havia repassado aos postos de combustíveis o aumento do álcool na semana passada. "Como seguramos o preço, tivemos agora uma combinação dos dois efeitos."
Pierantoni diz acreditar que outras distribuidoras já tinham reajustado o preço da gasolina, devido ao aumento do álcool, na semana passada, e por isso tiveram agora uma alta percentualmente menor. A gasolina vendida nos postos no país contém 24% de álcool.
Alguns postos de combustíveis já começaram a sentir os reflexos do aumento de preço no número de consumidores.
Petrônio Carvalho, gerente de um posto da zona sul de São Paulo, afirma que "desde o aumento, no fim-de-semana, o movimentou caiu entre 20% e 30%". O preço do litro da gasolina no estabelecimento foi de R$ 1,29 para R$ 1,45.
O encarregado do Sofiserv Auto Posto, na zona norte, Paulo Pereira, também constatou queda no movimento depois do aumento.

Álcool
As distribuidoras de combustível que atuam em Brasília aproveitaram o aumento do preço da gasolina nas refinarias para aumentar também o álcool.
A justificativa apresentada pelos distribuidores foi que os usineiros aumentaram o produto em até 44% devido à entressafra. Em Brasília, o aumento médio do álcool nos postos foi de 11,49%.
A quebra de safra da cana de açúcar é atribuída à estiagem. Com a falta de chuvas, os usineiros estariam produzindo 30% menos álcool com a mesma quantidade de cana. Além disso, estariam preferindo fabricar açúcar, que estaria com preços melhores no mercado.

Procon
A orientação do Ministério de Minas e Energia para os consumidores que detectarem aumentos abusivos no preço da gasolina é procurar o Procon de seu Estado.
Desde março, o ministério tem um acordo com a Secretaria de Direito Econômico (SDE), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Agência Nacional do Petróleo (ANP) para monitorar preços e punir abusos.
Com o acordo, as informações sobre preços e práticas ilegais de mercado que qualquer um dos quatro órgãos do governo tenha serão compartilhadas.
Os Procons fornecem ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, as reclamações dos consumidores. Essas informações são repassadas à SDE e aos demais órgãos que fazem parte do acordo.
Desde o início do ano, 234 postos já foram processados por suspeita de formação de cartel. Todos os postos foram obrigados a reduzir os preços, em caráter preventivo, enquanto não termina a investigação.
O preço do litro da gasolina é liberado no Brasil. No entanto, o governo pode punir aumentos conjuntos de preço.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha


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