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POLÍTICA MONETÁRIA
Analistas ouvidos pela Folha também apostam na adoção de viés neutro; reunião começa hoje
Copom deve manter taxa em 17% ao ano
LEONARDO SOUZA E
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Copom (Comitê de Política
Monetária) deve manter a taxa de
juro básica da economia em 17%
ao ano e anunciar viés neutro, ou
seja, sem definir tendência de
queda ou alta. Essa avaliação é
unânime entre os especialistas
ouvidos pela Folha sobre o resultado da reunião do Copom, que
começa hoje. O Comitê anuncia
amanhã sua decisão.
Depois que o Banco Central reduziu os juros básicos da economia em 1,5 ponto percentual, em
menos de um mês, o mercado espera que, pelo menos nos próximos 30 dias, a taxa Selic não seja
alterada.
Na opinião de André Lóes, economista-chefe do Santander, o
BC deverá ser cauteloso, especialmente depois da crise política da
semana passada, quando foram
levantadas suspeitas do envolvimento do presidente Fernando
Henrique Cardoso na liberação
de verbas para a obra superfaturada do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
"Com tudo o que aconteceu no
cenário político, a curva de juros
abriu, e o mercado poderia não
aceitar uma nova redução da Selic", afirmou Lóes.
Para Octavio de Barros, economista-chefe do BBVA, a maior
probabilidade é de manutenção
dos 17%, com o viés passando a
neutro. "No máximo, o BC estabelece viés de baixa", disse.
Em sua opinião, o BC deve esperar para ver o comportamento de
variáveis, como os juros norte-americanos e a inflação brasileira,
para, só depois, efetuar um novo
corte na Selic. O economista projeta que a taxa chegará ao final do
ano na casa dos 16%, mas novos
cortes só devem ocorrer no último trimestre.
Ricardo Amorim, economista-sênior do BankBoston, entende
que o BC não vai alterar os juros
agora. "Ele já baixou a taxa em 1,5
ponto percentual. Vai esperar para sentir os efeitos dessa queda."
Segundo os relatórios de inflação do BC, lembrou ele, mudanças na taxa causam impactos sobre a inflação nove meses depois.
Ou seja, uma alteração amanhã
teria consequências sobre os juros
no ano que vem.
De acordo com Amorim, no último relatório de inflação, o BC
projetava que, a uma taxa de
17,5% ao ano (0,5 ponto a mais
que o juro atual), a inflação de
2001 seria de 3,9%. A meta de inflação para o ano que vem é de
4%. "O BC deve ponderar isso
também, pois uma taxa de juro
menor agora pode significar inflação mais alta em 2001."
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