São Paulo, terça-feira, 18 de julho de 2000


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POLÍTICA MONETÁRIA
Analistas ouvidos pela Folha também apostam na adoção de viés neutro; reunião começa hoje
Copom deve manter taxa em 17% ao ano

LEONARDO SOUZA E
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Copom (Comitê de Política Monetária) deve manter a taxa de juro básica da economia em 17% ao ano e anunciar viés neutro, ou seja, sem definir tendência de queda ou alta. Essa avaliação é unânime entre os especialistas ouvidos pela Folha sobre o resultado da reunião do Copom, que começa hoje. O Comitê anuncia amanhã sua decisão.
Depois que o Banco Central reduziu os juros básicos da economia em 1,5 ponto percentual, em menos de um mês, o mercado espera que, pelo menos nos próximos 30 dias, a taxa Selic não seja alterada.
Na opinião de André Lóes, economista-chefe do Santander, o BC deverá ser cauteloso, especialmente depois da crise política da semana passada, quando foram levantadas suspeitas do envolvimento do presidente Fernando Henrique Cardoso na liberação de verbas para a obra superfaturada do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
"Com tudo o que aconteceu no cenário político, a curva de juros abriu, e o mercado poderia não aceitar uma nova redução da Selic", afirmou Lóes.
Para Octavio de Barros, economista-chefe do BBVA, a maior probabilidade é de manutenção dos 17%, com o viés passando a neutro. "No máximo, o BC estabelece viés de baixa", disse.
Em sua opinião, o BC deve esperar para ver o comportamento de variáveis, como os juros norte-americanos e a inflação brasileira, para, só depois, efetuar um novo corte na Selic. O economista projeta que a taxa chegará ao final do ano na casa dos 16%, mas novos cortes só devem ocorrer no último trimestre.
Ricardo Amorim, economista-sênior do BankBoston, entende que o BC não vai alterar os juros agora. "Ele já baixou a taxa em 1,5 ponto percentual. Vai esperar para sentir os efeitos dessa queda."
Segundo os relatórios de inflação do BC, lembrou ele, mudanças na taxa causam impactos sobre a inflação nove meses depois. Ou seja, uma alteração amanhã teria consequências sobre os juros no ano que vem.
De acordo com Amorim, no último relatório de inflação, o BC projetava que, a uma taxa de 17,5% ao ano (0,5 ponto a mais que o juro atual), a inflação de 2001 seria de 3,9%. A meta de inflação para o ano que vem é de 4%. "O BC deve ponderar isso também, pois uma taxa de juro menor agora pode significar inflação mais alta em 2001."


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