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ESPETÁCULO DO CRÉDITO
Instituição baixa de 15% para 11% do risco o patrimônio líquido mínimo necessário para operar
BC facilita funcionamento de cooperativas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou ontem novas medidas para estimular o funcionamento das cooperativas de crédito no país. A instituição decidiu tornar mais flexíveis
as exigências feitas às cooperativas para que elas possam funcionar e emprestar dinheiro a seus
associados.
As mudanças se referem ao patrimônio líquido mínimo que as
cooperativas precisam ter para
poder operar no Brasil. Até ontem, as instituições eram obrigados a possuir um capital próprio
equivalente a, no mínimo, 15% do
total de investimentos de risco feitos pelas empresas. Esse limite foi
reduzido para 11%.
Assim, se uma cooperativa possui R$ 100 aplicados em ativos de
risco (empréstimos aos cooperados e aplicações no mercado financeiro, por exemplo), ela precisará ter um patrimônio líquido
mínimo de R$ 11. Antes das modificações, era de R$ 15.
Esse limite de 11% foi fixado para todas as cooperativas que sejam filiadas a uma cooperativa
central. As centrais têm como
função fiscalizar e dar apoio às
instituições de menor porte.
Quem não fizer parte de uma cooperativa central deve seguir respeitando o limite mínimo de 15%.
O BC informou ontem que não
tem como mensurar o efeito que a
modificação pode ter sobre o total
de crédito disponível no país. Segundo a instituição, o objetivo da
medida não era expandir as operações das cooperativas, e sim dar
a elas o mesmo tratamento dispensado hoje aos bancos. Os bancos também são obrigados a manter um patrimônio mínimo equivalente a 11% de suas aplicações
de risco.
No final do mês passado, para
incentivar a criação de novas cooperativas, o governo passou a permitir, nas cidades com até 100 mil
habitantes, a existência de cooperativas de livre associação. Isso
significa que qualquer grupo de
pessoas pode fundar sua própria
cooperativa. Antes, isso só podia
ser feito por trabalhadores da
mesma empresa ou da mesma categoria profissional.
Em cidades com população
maior do que essa, não foi permitida a abertura de cooperativas de
livre associação, mas as cooperativas fechadas que já existiam podem se transformar em abertas.
Essa permissão, no entanto, é limitada aos municípios com, no
máximo, 750 mil habitantes.
Isso porque o governo quer estimular o acesso ao crédito nas regiões onde ele é mais difícil -justamente nas cidades menores e no
interior.
Microcrédito
Ontem, o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho, afirmou
que o governo deve "completar"
na próxima semana as medidas
relativas ao programa de microcrédito.
"Vamos pedir que o Conselho
Monetário Nacional [CMN] faça
uma reunião extraordinária para
tomar as medidas conclusivas e
resolver questões pendentes sobre o microcrédito", afirmou o
ministro da Fazenda.
Devem participar deste encontro o próprio Palocci, além do ministro Guido Mantega (Planejamento) e do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles.
O programa de microcrédito foi
anunciado no mês passado e visava a aplicação de cerca de R$ 2,95
bilhões em recursos públicos e
privados no estímulo ao microcrédito (empréstimos de pequeno
valor e com taxas de juros mais
baixas do que as praticadas atualmente).
Colaborou Ivone Portes, da Folha Online, em Brasília
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