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Pelo IPCA, reajuste ficaria na metade
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os gastos do consumidor com
reajustes de telefonia fixa teriam
sido quase a metade, entre 1999 e
2002, se essas contas tivessem sido, nesse período, corrigidas pelo
IPCA, em vez do IGP-DI.
Estimativa feita pela Arx Capital
Management, a pedido da Folha,
mostra que o IPCA -índice de
preço ao consumidor- acumulado em 12 meses entre junho de
1999 e o mesmo mês em 2002 foi
de 27,18%. No mesmo período, o
IGP-DI -índice de preços no atacado, muito influenciado pela alta
do dólar- chegou a 51,66%.
A diferença é de 24,5 pontos
percentuais. Significa que um
consumidor que, por exemplo, teve contas de telefone no valor de
R$ 100, nesse período, pagou R$
51,6 de reajustes.
Se o IPCA tivesse sido usado como indexador, o total de reajustes
teria sido de R$ 27,2, ou seja, 47%
mais baixo.
Embora o peso do reajuste com
base no IGP-DI tenha sido grande
para o usuário de telefone, o impacto da troca de indexador para
a inflação oficial -medida pelo
próprio IPCA- teria sido pífio.
Segundo as contas da Arx, empresa administradora de recursos, a inflação oficial -parâmetro para o regime de metas do governo-, que atingiu 39,8% entre
janeiro de 1999 e dezembro de
2002, teria sido apenas 0,73 ponto
percentual mais baixa no período
se o IPCA tivesse servido de base,
desde 1998, para os reajustes dos
contratos de telefonia fixa.
Segundo Alexandre de Sant'Anna, economista da Arx, isso ocorre porque o peso dos reajustes de
telefonia fixa no IPCA como um
todo, ou seja, na cesta final de
consumo, é pequeno -oscila em
torno de 3%.
Poder de compra
Portanto, embora os reajustes
tenham sido muito mais significativos pelo IGP-DI, as perdas em
termos de poder de compra das
famílias não foram tão grandes
porque os gastos com telefone representam parcela pequena de
seu orçamento.
"Embora os reajustes pelo IGP-DI tenham sido bem maiores do
que pelo IPCA, o impacto macroeconômico, em termos da cesta final de inflação ao consumidor
foi muito pequeno", afirma Sant'Anna.
Esse impacto negativo sobre os
gastos totais do consumidor tende a aumentar de forma significativa, no entanto, se forem considerados os reajustes de outros
preços administrados, como os
de energia elétrica.
Ainda assim, argumentam analistas, os custos são pequenos e
não compensam as perdas que o
país amargará se os contratos forem mudados agora. Isso provocaria fuga de investimentos e,
portanto, nova disparada do dólar com efeitos sobre a inflação.
"Olhando para trás, é óbvio que
o IPCA teria sido um melhor indexador. Mas os custos de uma
possível fuga de investidores externos, agora, são incalculáveis",
diz Alexandre Maia, economista
da GAP Asset Management.
Neste ano, por conta da disparada do dólar em 2002, a Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) chegou a autorizar reajustes entre 24,5% e 47,75% para a
telefonia fixa, com base no IGP-DI. Os valores, considerados abusivos por órgãos de defesa do consumidor e até pelo governo, foram suspensos por uma liminar
da Justiça do Ceará que estabeleceu reajustes máximos de 23,95%,
baseados no IPCA.
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