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TRABALHO 2
No 1º semestre de 2002 eram 40%; neste ano, 47%
Sobe número de categorias que não conseguem repor inflação no salário
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 47% das categorias
profissionais representadas por
49 sindicatos filiados à CUT não
conseguiram sequer repor as perdas da inflação nas negociações
salariais do primeiro semestre
deste ano.
O resultado faz parte de pesquisa que envolve 30 categorias profissionais -ou 1 milhão de trabalhadores paulistas- e foi divulgada ontem pela Secretaria de Política Sindical da central.
Em relação ao primeiro semestre do ano passado, houve crescimento de sete pontos percentuais
no número de categorias que não
conseguiram zerar a inflação nos
salários. O índice usado para
comparar o reajuste negociado e a
inflação acumulada nos 12 meses
anteriores a cada data-base é o
INPC (Índice Nacional de Preços
ao Consumidor) do IBGE.
A tendência revelada na pesquisa foi antecipada pela Folha no
início de junho, quando reportagem publicada na ocasião mostrava que os reajustes salariais
deste ano ficaram abaixo da inflação -ao contrário do que informava o Copom (Comitê de Política Monetária) em sua ata.
Enquanto 60% das categorias
negociaram reajustes iguais ou
acima da inflação de janeiro a junho de 2002, só 25% conseguiram
o mesmo resultado em igual período deste ano. A CUT também
informa que 26,5% das categorias
continuam em negociação.
Mesmo os reajustes que ficaram
acima da variação do INPC em
2003 se localizam num intervalo
de ganho real que não chega a
dois pontos percentuais -o melhor resultado obtido foi de 1,69
ponto acima da inflação.
"A inflação, que cresceu no final
do segundo semestre de 2002 e só
foi controlada a partir de abril de
2003, e as incertezas da política
econômica do novo governo dificultaram as negociações salariais
do primeiro semestre", afirma
Flávio de Souza Gomes, secretário
da CUT-SP. "Com o dólar instável
e o risco Brasil crescendo, o governo Lula tomou medidas restritivas à produção. Isso pesa na hora de negociar aumento salarial."
Para evitar desempenho ainda
mais desfavorável, os sindicatos
negociaram abonos salariais e
aceitaram o parcelamento de reajustes em até três vezes.
A central informa que vai intensificar as campanhas salariais neste semestre para conseguir melhores resultados nas negociações, diz Gomes. "O cenário mudou. A inflação sob controle e os
sinais de que a Selic [taxa de juros
básica] vai baixar devem contribuir para que os sindicatos consigam melhores resultados."
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