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Investidores vêem risco maior de "apagão"
Estudo prevê falta de energia caso a economia cresça 4,8% por ano até 2011 e construção de usinas atrasem
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O risco de haver racionamento de energia em 2011 é de 32%,
de acordo com investidores privados do setor. O cálculo supõe
que a economia cresça a um ritmo de 4,8% ao ano e haja atrasos na construção de novas usinas ou no aumento do fornecimento de gás natural para termelétricas.
Se não houver atrasos, esse
percentual diminui um pouco,
para 28%. Ainda assim, muito
superior ao risco oficial tolerável, de 5%. Os cálculos foram
feitos pela consultoria PSR a
pedido do Instituto Acende
Brasil, que representa investidores privados no setor.
Com esses números, os investidores privados em energia
já sugerem que o governo comece a pensar em regras para
um eventual racionamento. "O
governo precisa dar transparência ao assunto. E desde já regulamentar como seria uma situação de racionamento", disse
Cláudio Sales, presidente do
Instituto Acende Brasil. O último racionamento de energia
aconteceu entre junho de 2001
e fevereiro de 2002.
De acordo com os cálculos
feitos pela PSR, haverá um "buraco" no fornecimento de energia de aproximadamente 3.100
MW (megawatts) até 2011 -
quantidade quase igual ao que a
hidrelétrica de Santo Antônio,
no rio Madeira (RO), poderá
gerar quando estiver pronta
(3.150 MW). Para o consultor
da PSR, Mário Veiga, a situação
é muito mais complicada que o
governo supõe.
As grandes obras anunciadas
pelo governo para aumento de
oferta de energia - hidrelétricas do Madeira e usina nuclear
de Angra 3 - não resolvem o
problema porque só entram em
operação depois de 2011. No
curto prazo, o fator principal
para o alto nível de risco é o fornecimento de gás para termelétricas. Outro problema é o fracasso do leilão de energia alternativa - pequenas centrais hidrelétricas e termelétricas de
biomassa (bagaço de cana)-
realizado mês passado.
Alarmista
O ONS (Operador Nacional
do Sistema Elétrico) considerou alarmista o estudo divulgado pelo Instituto Acende Brasil.
"O resultado pode confundir a
sociedade", disse Hermes
Chipp, diretor-geral do ONS,
órgão responsável por gerenciar o funcionamento do sistema elétrico.
De acordo com Chipp, estudos feitos pelo ONS indicam
que os riscos de falta de energia
estão abaixo de 5% em quase
todo o país em 2011. Apenas na
região Nordeste o risco supera
o limite considerado aceitável,
mas fica em 4% para déficit de
energia superiores a 1% da demanda.
Pelos cálculos do ONS, a
quantidade de energia que, em
tese, poderia faltar no Nordeste
tem condições de ser facilmente providenciada com a instalação, por exemplo, de uma usina
termelétrica que use carvão como combustível.
Uma das críticas feitas pelo
diretor-geral do ONS ao estudo
do Acende Brasil é o fato de não
haver refinamento da informação, para que seja possível saber qual o tamanho do racionamento a que se referem os percentuais. Para Chipp, no entanto, é importante que o fornecimento de gás para termelétricas aumente de acordo com o
previsto pelo governo para que
os níveis de risco fiquem abaixo
de 5%.
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