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Usina do rio Madeira gerará energia antes do previsto
Antecipação será de um ano, diz a empreiteira Odebrecht
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO VELHO
A usina hidrelétrica Santo
Antônio, em Porto Velho (RO),
deverá começar a gerar energia
em dezembro de 2011, um ano
antes do previsto no edital de licitação da obra -que, com a
usina de Jirau, integra o complexo do rio Madeira.
O anúncio foi feito pela empreiteira Odebrecht, que lidera
o consórcio construtor da obra
e planeja naquela data colocar
em funcionamento um lote de
8 turbinas de um total de 44
unidades previstas para o empreendimento.
O consórcio iniciou ontem a
etapa de concretagem em um
braço da margem direita do rio.
"Em relação ao cronograma
original, essa etapa está ocorrendo com oito meses de antecedência", disse o presidente
do consórcio, Roberto Simões.
Segundo o consórcio, as primeiras turbinas vão permitir a
geração de 600 megawatts, ou
20% da capacidade final instalada da obra: 3.150 megawatts.
No braço da margem esquerda,
as obras seguirão o cronograma
regular.
"Enquanto estivermos fazendo o outro lado, já estaremos gerando energia aqui, como se fosse uma usina à parte",
disse Mário Lúcio Pinheiro, diretor do consórcio Santo Antônio Civil, responsável pela obra.
A antecipação é uma "aposta", disse Pinheiro. Enquanto
70% da energia após dezembro
de 2012 já está contratada ao
mercado cativo (distribuidoras) pelo preço de R$ 78,87 por
megawatt/hora, o que for gerado antes desse prazo poderá ser
negociado pelo consórcio no
mercado livre, que reúne grandes consumidores e no qual vale a lei da oferta e da procura.
Nos cálculos para a amortização do investimento, orçado
em R$ 10 bilhões, o consórcio
considerava que poderia vender os 30% de energia destinados ao mercado livre pelo dobro do que ofereceu ao mercado cativo. A crise, porém, fez
baixar a demanda e derrubou
as projeções de ganhos futuros.
Segundo o diretor, a primeira
etapa estará pronta para funcionar já em setembro de 2011.
"Os outros dois meses serão somente para permitir o enchimento do reservatório."
A antecipação depende de
autorização da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica).
O consórcio já havia conseguido a permissão para iniciar a
geração em maio de 2012 -a
geração prevista para o período
já teve parte vendida à Cemig,
também integrante do consórcio. Até a conclusão da obra, segundo a Odebrecht, serão empregados 800 mil toneladas de
cimento, o suficiente para erguer 37 estádios do tamanho do
Maracanã.
Troncos
Nos períodos de cheia do rio
Madeira, cerca de mil troncos
de árvores mortas cruzam por
dia o trecho onde serão instaladas as turbinas da hidrelétrica
de Santo Antônio.
Essa estimativa, feita pelo
consórcio construtor da usina,
considerou apenas os troncos
que passavam à flor da água
-os restos submersos, segundo
a empresa, poderiam chegar a
600 toras diárias.
"Passam árvores de 10, 20
metros. Não é à toa que chamam esse rio de Madeira", disse o presidente do consórcio.
Segundo ele, não foi definido
até o momento qual será o mecanismo técnico empregado
para evitar que este "tráfego"
-um fenômeno natural, não
relacionado a desmatamento-
cause danos aos equipamentos
da usina. "Trata-se de um desafio técnico, pois essas toras não
podem chegar às turbinas. Teremos de recolhê-las em algum
ponto e de algum modo, antes
que possam causar algum problema", disse ele.
O jornalista RODRIGO VARGAS viajou
a Porto Velho a convite da Odebrecht.
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