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ENERGIA
Após cassação de liminar, primeiro dia de leilão vende só 19,7% dos blocos ofertados, arrecadando R$ 496 milhões
Petrobras leva 75% de blocos vendidos
HUMBERTO MEDINA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
A Petrobras foi a grande vencedora do primeiro dia da 6ª Rodada de Licitações da ANP (Agência
Nacional de Petróleo) de áreas de
exploração de óleo e gás. Apesar
disso, a estatal perdeu um dos
blocos de petróleo de seu interesse mesmo apresentando uma
oferta maior do que a vencedora.
Num leilão onde as empresas
privadas preferiram, na sua maioria, consorciar-se com a Petrobras, a estatal levou 75% dos blocos arrematados -61 do total de
81. A Petrobras comprou sozinha
28 e, em parceria, 33.
Dos 913 blocos que estão sendo
oferecidos nos dois dias, foram
leiloados 412 ontem. Apenas
19,7% tiveram compradores, arrecadando R$ 496 milhões.
O diretor-geral da ANP, Sebastião do Rêgo Barros, disse que ficou satisfeito com o resultado.
"Até agora, os resultados são muito bons", disse. Ele chegou ao leilão aliviado, às 9h45, anunciando
que a liminar do STF (Supremo
Tribunal Federal) que suspendia
artigos da Lei do Petróleo havia sido cassada.
Pelas regras formuladas no governo Lula, a empresa de petróleo
que mais se comprometer a adquirir bens e serviços produzidos
no Brasil tem mais chances de
vencer o leilão do que aquela que
simplesmente apresentar um preço maior por um bloco.
De um total de 100 pontos, o
chamado "conteúdo local" tem
peso 40, enquanto o preço ofertado vale 30 pontos. Os restantes 30
referem-se ao programa exploratório apresentado pelos concorrentes, como o número de poços
que serão perfurados.
Nos leilões do setor da Bacia de
Campos, considerados de elevado
potencial de descoberta de petróleo e gás, a Petrobras perdeu um
dos blocos, cujo preço mínimo
era de R$ 23 milhões, apesar de ter
oferecido o maior preço.
A estatal, consorciada com a espanhola Repsol YPF, apresentou
uma oferta de R$ 37,425 milhões.
Já o consórcio vencedor, formado
por Devon Energy e Kerr-McGee,
dos EUA, e pela sul-coreana Corporation, apresentou um lance de
R$ 28,5 milhões.
Na fase de exploração, quando
se procura o petróleo, o consórcio
operado pela Petrobras apresentou índices de conteúdo nacional
de 100% na área de estudos e 33%
na área de perfuração. Na fase de
desenvolvimento do poço, quando a existência de óleo já é assegurada, o índice de estudos de engenharia foi de 100% e de perfuração, de 70%.
O consórcio liderado pela Devon apresentou índices de 51% na
fase de exploração e de 81% na fase de desenvolvimento. "Perdemos pelo conteúdo local", afirmou o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno Filho. "Como o Brasil não dispõe de
sondas de perfuração em águas
profundas, consideramos difícil
ter um alto índice de conteúdo
nacional nessa área."
Dos 81 blocos arrematados,
houve competição em somente
15. Em quatro casos, o vencedor
não apresentou o maior preço.
A Petrogal, estatal portuguesa,
ficou em segundo lugar no ranking de maior número de aquisições -arrematou 16 blocos, todos em parceria com a Petrobras.
Rêgo Barros elogiou o presidente do STF, ministro Nélson Jobim,
que cassou a liminar concedida
pelo ministro Carlos Ayres Britto
na noite de segunda-feira.
"O presidente do STF sem dúvida nenhuma prestou um grande
serviço ao país ao tomar essa atitude, demonstrando que nós somos um país que tem estabilidade
jurídica, um país no qual as leis
não podem ser mudadas do dia
para a noite", disse.
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