São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENERGIA

Após cassação de liminar, primeiro dia de leilão vende só 19,7% dos blocos ofertados, arrecadando R$ 496 milhões

Petrobras leva 75% de blocos vendidos

HUMBERTO MEDINA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras foi a grande vencedora do primeiro dia da 6ª Rodada de Licitações da ANP (Agência Nacional de Petróleo) de áreas de exploração de óleo e gás. Apesar disso, a estatal perdeu um dos blocos de petróleo de seu interesse mesmo apresentando uma oferta maior do que a vencedora.
Num leilão onde as empresas privadas preferiram, na sua maioria, consorciar-se com a Petrobras, a estatal levou 75% dos blocos arrematados -61 do total de 81. A Petrobras comprou sozinha 28 e, em parceria, 33.
Dos 913 blocos que estão sendo oferecidos nos dois dias, foram leiloados 412 ontem. Apenas 19,7% tiveram compradores, arrecadando R$ 496 milhões.
O diretor-geral da ANP, Sebastião do Rêgo Barros, disse que ficou satisfeito com o resultado. "Até agora, os resultados são muito bons", disse. Ele chegou ao leilão aliviado, às 9h45, anunciando que a liminar do STF (Supremo Tribunal Federal) que suspendia artigos da Lei do Petróleo havia sido cassada.
Pelas regras formuladas no governo Lula, a empresa de petróleo que mais se comprometer a adquirir bens e serviços produzidos no Brasil tem mais chances de vencer o leilão do que aquela que simplesmente apresentar um preço maior por um bloco.
De um total de 100 pontos, o chamado "conteúdo local" tem peso 40, enquanto o preço ofertado vale 30 pontos. Os restantes 30 referem-se ao programa exploratório apresentado pelos concorrentes, como o número de poços que serão perfurados.
Nos leilões do setor da Bacia de Campos, considerados de elevado potencial de descoberta de petróleo e gás, a Petrobras perdeu um dos blocos, cujo preço mínimo era de R$ 23 milhões, apesar de ter oferecido o maior preço.
A estatal, consorciada com a espanhola Repsol YPF, apresentou uma oferta de R$ 37,425 milhões. Já o consórcio vencedor, formado por Devon Energy e Kerr-McGee, dos EUA, e pela sul-coreana Corporation, apresentou um lance de R$ 28,5 milhões.
Na fase de exploração, quando se procura o petróleo, o consórcio operado pela Petrobras apresentou índices de conteúdo nacional de 100% na área de estudos e 33% na área de perfuração. Na fase de desenvolvimento do poço, quando a existência de óleo já é assegurada, o índice de estudos de engenharia foi de 100% e de perfuração, de 70%.
O consórcio liderado pela Devon apresentou índices de 51% na fase de exploração e de 81% na fase de desenvolvimento. "Perdemos pelo conteúdo local", afirmou o gerente-executivo de Exploração e Produção da Petrobras, Francisco Nepomuceno Filho. "Como o Brasil não dispõe de sondas de perfuração em águas profundas, consideramos difícil ter um alto índice de conteúdo nacional nessa área."
Dos 81 blocos arrematados, houve competição em somente 15. Em quatro casos, o vencedor não apresentou o maior preço.
A Petrogal, estatal portuguesa, ficou em segundo lugar no ranking de maior número de aquisições -arrematou 16 blocos, todos em parceria com a Petrobras.
Rêgo Barros elogiou o presidente do STF, ministro Nélson Jobim, que cassou a liminar concedida pelo ministro Carlos Ayres Britto na noite de segunda-feira.
"O presidente do STF sem dúvida nenhuma prestou um grande serviço ao país ao tomar essa atitude, demonstrando que nós somos um país que tem estabilidade jurídica, um país no qual as leis não podem ser mudadas do dia para a noite", disse.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Opinião econômica - Paulo Rabello de Castro: A nova fase do ciclo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.