São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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BALANÇOS

Instituição tem ganho de R$ 1,42 bi no semestre, perdendo apenas para o Itaú; 20 maiores lucram R$ 7,6 bi no ano

Lucro do Banco do Brasil bate o do Bradesco

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil foi o destaque da safra de balanços do setor financeiro no primeiro semestre. O banco teve lucro de R$ 1,42 bilhão e rentabilidade de 23,3% ao ano sobre o patrimônio líquido.
A instituição bateu o Bradesco, em lucro e rentabilidade, e chegou bem perto do resultado do Itaú -o campeão dos 20 bancos que já divulgaram balanços semestrais.
No total, esses bancos acumularam lucro líquido de R$ 7,6 bilhões, 14,4% acima do obtido em igual período de 2003. A rentabilidade média dos bancos, entretanto, teve leve queda -de 22,2% no primeiro semestre de 2003 para 22% no final de junho último.
A estratégia para manter os lucros crescentes do setor foi a expansão da atividade bancária, apoiada na retomada da economia. Isso permitiu que os bancos alavancassem seus lucros, apesar da queda dos juros, tanto com aplicações em títulos e valores mobiliários como com a expansão das carteiras de crédito.
O levantamento dos balanços dos 20 bancos foi feito pela EFC (Engenheiros Financeiros e Consultores) e representa 66% dos ativos totais do sistema financeiro nacional. "Sem dúvida, a surpresa do semestre foi o BB, que obteve performance similar à dos grandes bancos privados", diz Carlos Coradi, presidente da EFC.
Segundo Coradi, é a primeira vez que o BB, maior banco do país, supera o lucro de quase todos os grandes bancos privados. Comparado a outro grande banco público, a CEF (Caixa Econômica Federal), os resultados do BB se destacam ainda mais.
A CEF, terceiro maior banco em ativos, obteve lucro de R$ 624 milhões, com rentabilidade de 21,3% ao ano. Um resultado próximo ao do Real ABN Amro, por exemplo, que registrou lucro de R$ 689,8 milhões no primeiro semestre. O Real, entretanto, é o sétimo banco em ativos totais no ranking do setor (ou o quinto maior, se forem considerados só os bancos do setor privado).
"A CEF ainda está muito carregada com títulos públicos, cuja rentabilidade vem caindo com a redução da taxa de juros, a Selic", observa Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting.
Além disso, segundo ele, a CEF continua muito inchada e com uma carteira de crédito difícil -com problemas de recuperação de empréstimos no segmento habitacional.
"A CEF vem se estruturando, já avançou bastante, mas ainda está longe do perfil do BB", diz Pedreira. A instituição, segundo o analista, vem de um prejuízo de R$ 4,6 bilhões, no exercício de 2001, que reverteu no ano seguinte, quando obteve lucro de R$ 1 bilhão. Em 2003, obteve lucro de R$ 1,6 bilhão.

Despesas
Para Coradi, o destacado desempenho do BB se deve, principalmente, ao aumento de 21,6% no resultado bruto da intermediação financeira -o conjunto dos negócios bancários. O resultado bruto é a diferença entre as receitas e as despesas da intermediação financeira. No caso do BB, essa conta foi de R$ 4,8 bilhões.
"Esse valor foi obtido principalmente devido ao corte de despesas", diz Coradi. As despesas da intermediação financeira caíram de R$ 12,5 bilhões no primeiro semestre de 2003 para R$ 10,8 bilhões no semestre passado.
Para Catarina Pedrosa, analista do Banif Investment Bank, também contribuiu para o lucro do BB a redução de 32% no pagamento de impostos devido à variação cambial.


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