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Internet sem fio gera atrito entre ministro e a Anatel
Hélio Costa anuncia que vai anular decisão de agência reguladora sobre leilão
Anatel quer realizar, em 4 de setembro, leilão de faixas de freqüência para operar serviço de acesso à internet em banda larga sem fio
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, afirmou ontem que deverá publicar uma
portaria para tornar sem efeito
a decisão de quarta-feira da
Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), de realizar
no próximo dia 4 um leilão de
faixas de freqüência para operação do serviço de acesso à internet em banda larga sem fio.
Esse serviço é oferecido com a
tecnologia WiMax e Wi-Fi, nas
faixas de freqüência de 3,5 GHz
e 10,5 GHz (gigahertz).
Na terça-feira, Costa havia
"antecipado" o resultado da
reunião do conselho da agência, ao informar que haveria
mudanças no edital e que o leilão poderia ser adiado. Ele
anunciou que a empresa vencedora do leilão perderia a exclusividade para prover o serviço
em uma determinada localidade da sua área de concessão, caso não tivesse interesse em instalar a rede de acesso a internet
nesse local.
Na mesma ocasião, o ministro também havia dito que o governo ainda gostaria de negociar com as concessionárias de
telefonia fixa a participação
dessas empresas no leilão.
Antes, a Anatel já havia informado que as telefônicas fixas
não poderiam comprar freqüências para fornecer o serviço de acesso à internet em banda larga sem fio na sua área de
concessão.
Na quarta-feira, no entanto, a
agência ratificou sua posição,
de não modificar o edital, manteve a proibição de participação
das teles e confirmou o leilão
para o dia 4. "Essa decisão [da
Anatel] praticamente interrompe todo o processo de negociação", disse ontem Costa.
"A área jurídica está analisando duas opções. Nós temos
a força de um decreto legislativo, mas possivelmente resolveremos a questão apenas com
uma portaria do ministro, porque a política de comunicação,
estabelecida pelo ministério,
não foi seguida", disse.
Pelo edital aprovado pela
Anatel, a empresa vencedora
do leilão tem a garantia do monopólio no uso da freqüência
por cinco anos em toda a área
de concessão. Só depois desse
prazo é que podem entrar outras empresas nas localidades
em não houver interesse.
Fixas
A Anatel não quer que as concessionárias fixas comprem
freqüências para oferecer acesso em banda larga sem fio nas
suas áreas de atuação a fim de
estimular a concorrência nessa
área. Para a agência, as teles já
oferecem o serviço na rede fixa.
Ontem, representantes das
empresas estiveram com Costa
para tentar reverter a decisão
da Anatel. "Não é por esse caminho que se acentua a competição, impedindo que a concessionária tenha acesso à tecnologia mais avançada, que permite baratear o serviço", disse
Fernando Xavier, presidente
da Telefônica, após a reunião.
Ele disse que as teles podem ir à
Justiça contra a Anatel.
A Global Info (associação de
provedores de acesso à internet), por sua vez, criticou a interferência de Costa no leilão.
O presidente da associação,
Paulo Messina, considerou "arbitrária" a tentativa de interferir no processo de licitação.
Com a Folha Online
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