São Paulo, sábado, 18 de agosto de 2007

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Fed corta juros e reanima mercados globais

BC americano reduz taxa para empréstimos a bancos, e Bolsas dos EUA operam em alta durante todo o dia; Bovespa sobe 1,13%

Corte de ontem não afeta taxa de juros principal da economia, mas é visto como uma mudança significativa na atitude do órgão

DA REDAÇÃO

Em uma medida que fez subir as principais Bolsas mundiais, o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) anunciou um corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros dos empréstimos para bancos. Segundo o órgão, a decisão foi tomada porque a turbulência no mercado financeiro poderia afetar o crescimento econômico dos EUA.
A redução nos juros, para 5,75%, foi anunciada uma hora antes da abertura da Bolsa de Nova York e fez com que ela operasse em alta durante todo o dia. Inverteu ainda a tendência de queda na Europa, mas não afetou as Bolsas asiáticas, que já tinham encerrados suas operações com fortes quedas.
O índice Dow Jones se valorizou em 1,82%, e a Bolsa eletrônica Nasdaq, 2,20% -foi a primeira alta desses índices americanos desde a quarta-feira da semana passada. No Brasil, a Bovespa subiu 1,13%.
O corte anunciado ontem não afeta a taxa de juros básica, que é a principal da economia e influencia itens como empréstimos para compra de carros e cartão de crédito, mas é considerado uma mudança significativa na posição do BC americano, que, na reunião do dia 7, manteve pela nova vez consecutiva a taxa básica em 5,25%.
Analistas consideram que o Fed poderá até reduzir a taxa de juros básica de forma emergencial caso o cenário continue piorando. "Essa decisão do Fed é uma linha divisória, para dizer aos mercados e políticos que o Fed está preparado para agir da maneira necessária", disse em nota Stuart G. Hoffman, economista-chefe do PNC Financial Services Group, dos EUA.
"O uso [pelo Fed] do termo monitorar é um código [que significa] que estamos atentos e que, se preciso, agiremos cortando os juros antes da reunião programada", disse ao "Wall Street Journal" James Glassman, economista-sênior do JP Morgan Chase. Para ele, deixar aberta a possibilidade de uma redução nos juros antes da reunião do Fed de 18 de setembro "é um movimento muito grande". Porém salientou que acha que o corte não deve acontecer antes do encontro.
Na prática, uma taxa básica de juros menor significa empréstimos mais baratos, o que pode ajudar as Bolsas, já que as pessoas poderão ter mais dinheiro para gastar. Mas também pode trazer alta da inflação, o que o Fed tem procurado evitar. Já a taxa de redesconto, que foi reduzida ontem, tem um impacto muito menor na economia. Ela é usada pelo Fed para emprestar dinheiro a bancos que estão com dificuldades financeiras de curto prazo.

Ajuda aos bancos
Assim, ao anunciar o corte nos juros dessa taxa, o Fed, pelo menos aparentemente, quis dizer aos bancos em dificuldades que fará tudo o que estiver ao seu alcance para garantir dinheiro com juros baixos.
No comunicado divulgado ontem, o organismo não mencionou a inflação, como aconteceu nas suas últimas notas, divulgadas após seus encontros. No entanto, diz que continua esperando que a economia do país siga se expandindo em "ritmo moderado" -outra expressão constante em suas notas mais recentes.
Desde 1994, quando começou a divulgar seus comunicados, o Fed só soltou uma nota, até ontem, entre uma reunião e outra: em setembro de 2001, após os ataques terroristas contra os EUA, quando também cortou a taxa de juros.


Com o "New York Times"


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