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Além de ajudar pouco, homem dá trabalho
DA SUCURSAL DO RIO
Não são apenas os filhos os
responsáveis pela sobrecarga de trabalho doméstico feminino. O estudo do IBGE
mostra que ter um homem
em casa dá trabalho, independentemente do tamanho
da família. Isso pode ser
constatado na análise da divisão de trabalho doméstico
entre casais sem filhos. Para
os homens, a média de horas
por semana é de 10,2. Para
mulheres, chega a 26,7.
Quando há filhos, a divisão
fica em 9,2 horas semanais
para eles e 26,7 para elas. Se
todas as crianças forem menores de 14 anos, a jornada
doméstica dos homens fica
praticamente inalterada (9,5
horas), e a das mulheres chega ao pico de 29 horas.
O impacto que o casamento tem na inserção profissional das mulheres já foi estudado pelos economistas Lena Lavinas, da UFRJ, e Marcelo Nicoll. Ao trabalhar
também com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios), eles constataram que o percentual de
mulheres solteiras com filhos trabalhando era de 70%
em 2003. Entre as casadas, a
taxa caía para 58% entre as
com filho e 61% entre as sem
filhos.
O estudo indicava ainda
que as mulheres solteiras
chefes de família conseguiam também rendimento
médio superior às casadas
com ou sem filhos.
Lavinas e Nicoll já analisaram também o impacto de
outras características na
renda feminina. O acesso a
creche e a presença em casa
de uma mulher inativa tinham impactos positivos na
renda. O item de mais impacto, no entanto, era a existência de máquina de lavar.
O dado tem uma lógica: a
máquina de lavar diminui a
carga de trabalho doméstico,
dando mais tempo para a
mulher tentar uma melhor
inserção profissional.
A sobrecarga feminina no
trabalho em casa não é uma
exclusividade do Brasil, mas
aqui ela é mais acentuada.
Um estudo feito pelo economista Cláudio Dedecca, do
Instituto de Economia da
Unicamp, com dados de 2001
a 2003 de 14 países mostrou
que apenas no Japão -país
conhecido pelo forte machismo- o tempo médio gasto
pelos homens no trabalho
em casa era inferior ao do
Brasil -0,1 hora por dia gasta
pelos homens japoneses
contra 0,7 dos brasileiros.
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