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DOSE HOMEOPÁTICA
BC reduz Selic em dois pontos percentuais, no quarto corte seguido; taxa deve fechar 2003 entre 17% e 18%
Juro cai para 20%, menor taxa em um ano
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central reduziu os juros básicos da economia em dois
pontos percentuais. A taxa Selic
passa a ser de 20% anuais, a mais
baixa em um ano -desde o início
de outubro de 2002.
Foi a quarta queda consecutiva
nos juros, que, de junho para cá,
caíram 6,5 pontos percentuais.
Desde o primeiro semestre de
1999, o BC não promovia um corte dessa magnitude na Selic em
quatro meses consecutivos.
Para justificar a redução, o BC
informou, por meio de nota, que
o corte foi possível graças às
"perspectivas favoráveis para a
trajetória futura da inflação".
Foi uma referência aos juros
reais (descontada a inflação futura), que, com a decisão de ontem,
caíram quase dois pontos percentuais, ficando em 12,7%.
Não foi indicada nenhuma tendência para a taxa -mecanismo
que indicaria a possibilidade de o
BC alterar os juros antes da próxima reunião do Copom, marcada
para os dias 21 e 22 de outubro.
O corte de dois pontos na taxa
Selic já era esperado pelo mercado financeiro. Embora a inflação
esteja dando seguidos sinais de
desaceleração, os indicadores de
atividade econômica continuam
apontando para a estagnação.
No mês passado, o Copom reduziu os juros em 2,5 pontos percentuais. O corte de agosto foi decidido uma semana antes de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar números pouco animadores em relação à economia brasileira. Segundo os dados oficiais, o PIB
(Produto Interno Bruto), total de
riquezas produzidas pelo país, recuou 1,6% no segundo trimestre
do ano, em comparação com o
trimestre anterior.
Nesta semana, o IBGE apontou
piora em outros dois indicadores:
entre julho de 2002 e julho passado, as vendas do comércio caíram
4,36%, e o nível de emprego na indústria recuou 1,2%.
Diante desse quadro de desaceleração da economia, a redução
dos juros teria por objetivo estimular a retomada do crescimento. Na cúpula do governo, segundo a Folha apurou, a expectativa é
que a taxa Selic feche o ano entre
17% e 18% ao ano.
A taxa Selic, fixada pelo BC, é
um indicativo da média das taxas
pagas pelo governo na rolagem
dos títulos públicos. Serve, portanto, de parâmetro para os juros
dos financiamentos concedidos
pelos bancos a seus clientes.
Em tese, pessoas e empresas são
estimuladas a consumir e a investir mais com juros mais baixos.
Além disso, o corte é uma maneira de conter a queda do dólar registrada na última semana.
Quando o Copom se reuniu no
mês passado, a moeda dos EUA
estava cotada em R$ 2,995. Ontem, a cotação já havia caído para
R$ 2,91. Com um dólar mais fraco, as exportações brasileiras teoricamente podem ser prejudicadas, colocando em risco o equilíbrio das contas externas do país.
Juros menores forçam investidores a trocar suas aplicações em
reais por investimentos em dólar,
pressionando a taxa de câmbio.
Um possível efeito negativo da
queda dos juros seria a alta da inflação. Isso ocorrerá se o aumento
do consumo não for acompanhado por um crescimento da produção. Até agora, porém, não se nota
um aumento do consumo.
No mês passado, pesquisa do
BC mostrava que a expectativa do
mercado era que o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo) registrasse alta de 9,74% neste ano. Na semana passada, a projeção havia recuado para 9,61%.
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