UOL


São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DOSE HOMEOPÁTICA

BC reduz Selic em dois pontos percentuais, no quarto corte seguido; taxa deve fechar 2003 entre 17% e 18%

Juro cai para 20%, menor taxa em um ano

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu os juros básicos da economia em dois pontos percentuais. A taxa Selic passa a ser de 20% anuais, a mais baixa em um ano -desde o início de outubro de 2002.
Foi a quarta queda consecutiva nos juros, que, de junho para cá, caíram 6,5 pontos percentuais. Desde o primeiro semestre de 1999, o BC não promovia um corte dessa magnitude na Selic em quatro meses consecutivos.
Para justificar a redução, o BC informou, por meio de nota, que o corte foi possível graças às "perspectivas favoráveis para a trajetória futura da inflação".
Foi uma referência aos juros reais (descontada a inflação futura), que, com a decisão de ontem, caíram quase dois pontos percentuais, ficando em 12,7%.
Não foi indicada nenhuma tendência para a taxa -mecanismo que indicaria a possibilidade de o BC alterar os juros antes da próxima reunião do Copom, marcada para os dias 21 e 22 de outubro.
O corte de dois pontos na taxa Selic já era esperado pelo mercado financeiro. Embora a inflação esteja dando seguidos sinais de desaceleração, os indicadores de atividade econômica continuam apontando para a estagnação.
No mês passado, o Copom reduziu os juros em 2,5 pontos percentuais. O corte de agosto foi decidido uma semana antes de o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar números pouco animadores em relação à economia brasileira. Segundo os dados oficiais, o PIB (Produto Interno Bruto), total de riquezas produzidas pelo país, recuou 1,6% no segundo trimestre do ano, em comparação com o trimestre anterior.
Nesta semana, o IBGE apontou piora em outros dois indicadores: entre julho de 2002 e julho passado, as vendas do comércio caíram 4,36%, e o nível de emprego na indústria recuou 1,2%.
Diante desse quadro de desaceleração da economia, a redução dos juros teria por objetivo estimular a retomada do crescimento. Na cúpula do governo, segundo a Folha apurou, a expectativa é que a taxa Selic feche o ano entre 17% e 18% ao ano.
A taxa Selic, fixada pelo BC, é um indicativo da média das taxas pagas pelo governo na rolagem dos títulos públicos. Serve, portanto, de parâmetro para os juros dos financiamentos concedidos pelos bancos a seus clientes.
Em tese, pessoas e empresas são estimuladas a consumir e a investir mais com juros mais baixos. Além disso, o corte é uma maneira de conter a queda do dólar registrada na última semana.
Quando o Copom se reuniu no mês passado, a moeda dos EUA estava cotada em R$ 2,995. Ontem, a cotação já havia caído para R$ 2,91. Com um dólar mais fraco, as exportações brasileiras teoricamente podem ser prejudicadas, colocando em risco o equilíbrio das contas externas do país.
Juros menores forçam investidores a trocar suas aplicações em reais por investimentos em dólar, pressionando a taxa de câmbio.
Um possível efeito negativo da queda dos juros seria a alta da inflação. Isso ocorrerá se o aumento do consumo não for acompanhado por um crescimento da produção. Até agora, porém, não se nota um aumento do consumo.
No mês passado, pesquisa do BC mostrava que a expectativa do mercado era que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrasse alta de 9,74% neste ano. Na semana passada, a projeção havia recuado para 9,61%.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Juros reais recuam para 12,7%
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.