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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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DOSE HOMEOPÁTICA

Taxa descontada a inflação cai dois pontos percentuais

Juros reais recuam para 12,7%

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a redução da taxa Selic para 20% ao ano, os juros reais (descontada a inflação) do país recuaram quase dois pontos percentuais, de 14,6% para 12,7%. O cálculo foi feito pela consultoria GlobalInvest a pedido da Folha.
A taxa, segundo especialistas, ainda é bastante alta. Mas tem recuado de maneira significativa nos últimos meses. Em junho passado, por exemplo, os juros reais brasileiros estavam em 16,6% ao ano, segundo a GlobalInvest.
O cálculo da consultoria foi feito considerando a expectativa futura do mercado para o IPCA, índice oficial de inflação, de acordo com o boletim Focus do Banco Central. Segundo economistas, a projeção futura da inflação é preferível ao comportamento passado dos preços porque investidores e consumidores tomam decisões com base nas suas expectativas.
"Tomamos decisões olhando para frente, por isso não faz muito sentido analisar juros reais com base na inflação passada", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.

Investimentos produtivos
Para a economia, os juros reais são mais importantes que a taxa nominal porque são a variável usada por empresários e investidores quando avaliam o retorno de seus empreendimentos e aplicações financeiras, descontados os efeitos da inflação.
De acordo com especialistas, juros reais de 12,7% são altos porque mantêm as aplicações financeiras como opção mais atrativa que os investimentos produtivos:
"Juros reais de dois dígitos desestimulam qualquer investimento produtivo, enquanto a taxa de retorno dos investimentos permanece bastante alta", afirma Alexandro Barbosa, economista da GlobalInvest.
Economistas e o próprio governo consideram que os juros reais ideais para o Brasil seriam algo entre 8% e 9%. É o chamado "juro real de equilíbrio" que permite que a economia volte a crescer, mas sem ultrapassar sua capacidade de expansão produtiva e, portanto, sem gerar inflação.
Como a capacidade de expansão do país hoje é pequena -o PIB (Produto Interno Bruto) potencial do país está em torno de 3% ao ano-, uma queda mais acentuada dos juros tenderia a causar reajustes de preços porque a oferta de produtos não acompanharia a demanda.


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