|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DOSE HOMEOPÁTICA
Taxa descontada a inflação cai dois pontos percentuais
Juros reais recuam para 12,7%
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a redução da taxa Selic para 20% ao ano, os juros reais (descontada a inflação) do país recuaram quase dois pontos percentuais, de 14,6% para 12,7%. O cálculo foi feito pela consultoria GlobalInvest a pedido da Folha.
A taxa, segundo especialistas,
ainda é bastante alta. Mas tem recuado de maneira significativa
nos últimos meses. Em junho passado, por exemplo, os juros reais
brasileiros estavam em 16,6% ao
ano, segundo a GlobalInvest.
O cálculo da consultoria foi feito
considerando a expectativa futura
do mercado para o IPCA, índice
oficial de inflação, de acordo com
o boletim Focus do Banco Central. Segundo economistas, a projeção futura da inflação é preferível ao comportamento passado
dos preços porque investidores e
consumidores tomam decisões
com base nas suas expectativas.
"Tomamos decisões olhando
para frente, por isso não faz muito
sentido analisar juros reais com
base na inflação passada", afirma
Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management.
Investimentos produtivos
Para a economia, os juros reais
são mais importantes que a taxa
nominal porque são a variável
usada por empresários e investidores quando avaliam o retorno
de seus empreendimentos e aplicações financeiras, descontados
os efeitos da inflação.
De acordo com especialistas, juros reais de 12,7% são altos porque mantêm as aplicações financeiras como opção mais atrativa
que os investimentos produtivos:
"Juros reais de dois dígitos desestimulam qualquer investimento produtivo, enquanto a taxa de
retorno dos investimentos permanece bastante alta", afirma
Alexandro Barbosa, economista
da GlobalInvest.
Economistas e o próprio governo consideram que os juros reais
ideais para o Brasil seriam algo
entre 8% e 9%. É o chamado "juro
real de equilíbrio" que permite
que a economia volte a crescer,
mas sem ultrapassar sua capacidade de expansão produtiva e,
portanto, sem gerar inflação.
Como a capacidade de expansão do país hoje é pequena -o
PIB (Produto Interno Bruto) potencial do país está em torno de
3% ao ano-, uma queda mais
acentuada dos juros tenderia a
causar reajustes de preços porque
a oferta de produtos não acompanharia a demanda.
Texto Anterior: Dose homeopática: Juro cai para 20%, menor taxa em um ano Próximo Texto: Frases Índice
|