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Sindicatos querem "leilão" de crédito
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos quatro bancos ofereceram acordos às centrais sindicais que prevêem a concessão de
empréstimos com desconto em
folha de pagamento a taxa de juros de 2% a 3,9% ao mês. CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical informam
que as propostas ainda estão "distantes" da aprovação.
Entre as instituições financeiras
que já negociam com sindicalistas
estão os bancos Santander e Bradesco, segundo a Folha apurou
com sindicalistas das centrais.
O Santander apresenta hoje na
sede da Força Sindical, em São
Paulo, sua proposta oficial de crédito aos sindicalistas. A oferta inicial, feita por representantes do
banco, foi de juros mensais de
3,9%, mas nesta semana a taxa foi
reduzida e chegou a ficar abaixo
de 3% ao mês, segundo a Folha
apurou. Na linha de empréstimos
tradicionais, o Santander cobra
no crédito pessoal taxa máxima
de 6,10% ao mês. No cheque especial, 8,7% mensais.
O Bradesco informou que vai
abrir uma linha de crédito pessoal
com taxas a partir de 2% ao mês,
no caso de empréstimos de 12 meses, e de 3,9% ao mês, no caso de
empréstimos de 24 meses com
desconto em folha de pagamento.
Em suas linhas de empréstimo
para pessoas físicas, o banco cobra a partir de hoje 5,08% a 6,02%
de juros no crédito pessoal e
8,37% no cheque especial.
CUT e Força Sindical vão abrir
oficialmente na sexta-feira o "leilão" de ofertas para linha crédito
com desconto em folha, quando
dirigentes das centrais devem visitar a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
"A idéia é definir um prazo, em
conjunto com as centrais sindicais, para que as diversas instituições possam fazer suas propostas
de crédito com desconto em folha", diz Luiz Marinho, presidente
da CUT. "O mais importante é
que essa negociação direta quebra
o monopólio das empresas com
os bancos. A negociação sempre
previa contrapartidas para as empresas. Agora, vai ter de haver benefício para o trabalhador."
Na avaliação do presidente da
Força, Paulo Pereira da Silva, os
sindicatos, pela primeira vez na
história, terão poder para negociar a redução do "spread" bancário. "Essa pressão sobre os banqueiros vai ajudar a diminuir inclusive os juros cobrados nas lojas
e ajudar a diminuir a "agiotagem"
que ocorre hoje nas fábricas."
Em relação às propostas recebidas informalmente pelos bancos,
CUT e Força informam que as taxas têm de ser mais baixas. "O risco de inadimplência é zero. Portanto, há espaço para uma redução significativa", diz Marinho.
A Força Sindical vai propor nos
acordos com os bancos que sejam
cobradas taxas ainda menores de
trabalhadores que aceitarem disponibilizar suas verbas rescisórias
como garantia para a concessão
de empréstimos. "Se o trabalhador é demitido, o banco recebe o
empréstimo de parte das verbas
rescisórias. O trabalhador que dá
essa garantia tem de ter um benefício ainda maior do que o oferecido aos demais", diz Paulinho.
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