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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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Sindicatos querem "leilão" de crédito

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos quatro bancos ofereceram acordos às centrais sindicais que prevêem a concessão de empréstimos com desconto em folha de pagamento a taxa de juros de 2% a 3,9% ao mês. CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical informam que as propostas ainda estão "distantes" da aprovação.
Entre as instituições financeiras que já negociam com sindicalistas estão os bancos Santander e Bradesco, segundo a Folha apurou com sindicalistas das centrais.
O Santander apresenta hoje na sede da Força Sindical, em São Paulo, sua proposta oficial de crédito aos sindicalistas. A oferta inicial, feita por representantes do banco, foi de juros mensais de 3,9%, mas nesta semana a taxa foi reduzida e chegou a ficar abaixo de 3% ao mês, segundo a Folha apurou. Na linha de empréstimos tradicionais, o Santander cobra no crédito pessoal taxa máxima de 6,10% ao mês. No cheque especial, 8,7% mensais.
O Bradesco informou que vai abrir uma linha de crédito pessoal com taxas a partir de 2% ao mês, no caso de empréstimos de 12 meses, e de 3,9% ao mês, no caso de empréstimos de 24 meses com desconto em folha de pagamento. Em suas linhas de empréstimo para pessoas físicas, o banco cobra a partir de hoje 5,08% a 6,02% de juros no crédito pessoal e 8,37% no cheque especial.
CUT e Força Sindical vão abrir oficialmente na sexta-feira o "leilão" de ofertas para linha crédito com desconto em folha, quando dirigentes das centrais devem visitar a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
"A idéia é definir um prazo, em conjunto com as centrais sindicais, para que as diversas instituições possam fazer suas propostas de crédito com desconto em folha", diz Luiz Marinho, presidente da CUT. "O mais importante é que essa negociação direta quebra o monopólio das empresas com os bancos. A negociação sempre previa contrapartidas para as empresas. Agora, vai ter de haver benefício para o trabalhador."
Na avaliação do presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, os sindicatos, pela primeira vez na história, terão poder para negociar a redução do "spread" bancário. "Essa pressão sobre os banqueiros vai ajudar a diminuir inclusive os juros cobrados nas lojas e ajudar a diminuir a "agiotagem" que ocorre hoje nas fábricas."
Em relação às propostas recebidas informalmente pelos bancos, CUT e Força informam que as taxas têm de ser mais baixas. "O risco de inadimplência é zero. Portanto, há espaço para uma redução significativa", diz Marinho.
A Força Sindical vai propor nos acordos com os bancos que sejam cobradas taxas ainda menores de trabalhadores que aceitarem disponibilizar suas verbas rescisórias como garantia para a concessão de empréstimos. "Se o trabalhador é demitido, o banco recebe o empréstimo de parte das verbas rescisórias. O trabalhador que dá essa garantia tem de ter um benefício ainda maior do que o oferecido aos demais", diz Paulinho.


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