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Medidas são inócuas,
afirmam os lojistas
DA REPORTAGEM LOCAL
A abertura de uma linha de crédito de R$ 200 milhões para aumentar a venda de eletrodomésticos e a possibilidade de o consumidor descontar no contracheque eventuais empréstimos são
medidas inócuas, na análise de lojistas e economistas. Isto é, elas
não vão, sozinhas, ajudar o país a
crescer, como deseja o governo.
"Essas medidas são inócuas
porque o comércio sempre ofereceu crédito mais barato e mais
longo que os bancos. O que vai
elevar o consumo é a redução da
taxa básica de juros para um dígito", afirma Valdemir Colleone,
diretor da Lojas Cem.
Os lojistas entendem que a queda da renda e o desemprego elevado desestimulam o consumo.
Não adianta os bancos oferecerem crédito mais barato e prazo
mais longo de financiamento, dizem eles, se o trabalhador não tem
certeza se vai permanecer no emprego ou se vai ter condições de
pagar as suas dívidas até o final.
As duas medidas, na análise dos
lojistas, mostram que o governo
quer elevar as vendas e, como
consequência, a produção. Mas
tanto a linha de crédito para expandir as vendas de eletrodomésticos como a medida que possibilita o desconto do financiamento
no contracheque do trabalhador
vão acabar atendendo somente
aos brasileiros que estão hoje fora
do mercado de consumo.
"São medidas para os excluídos.
O impacto é mais sócio-econômico do que econômico", afirma
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo
(ACSP). "Linha de crédito de R$
200 milhões ou de até US$ 1 bilhão
não refresca. Não vai impulsionar
a economia brasileira", diz.
Para os economistas da Fecomercio SP, as medidas anunciadas pelo governo são positivas, já
que buscam atender às classes de
menor poder aquisitivo. "Mas
não terão impacto nas vendas
porque o consumidor não tem
disposição para comprar", afirma
Oiram Corrêa, economista da Fecomercio. "O consumidor está
orientado a pagar o que deve, e
não a assumir novas dívidas",
completa Fábio Silveira, economista da MB Associados.
(FÁTIMA FERNANDES)
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