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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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Medidas são inócuas, afirmam os lojistas

DA REPORTAGEM LOCAL

A abertura de uma linha de crédito de R$ 200 milhões para aumentar a venda de eletrodomésticos e a possibilidade de o consumidor descontar no contracheque eventuais empréstimos são medidas inócuas, na análise de lojistas e economistas. Isto é, elas não vão, sozinhas, ajudar o país a crescer, como deseja o governo.
"Essas medidas são inócuas porque o comércio sempre ofereceu crédito mais barato e mais longo que os bancos. O que vai elevar o consumo é a redução da taxa básica de juros para um dígito", afirma Valdemir Colleone, diretor da Lojas Cem.
Os lojistas entendem que a queda da renda e o desemprego elevado desestimulam o consumo. Não adianta os bancos oferecerem crédito mais barato e prazo mais longo de financiamento, dizem eles, se o trabalhador não tem certeza se vai permanecer no emprego ou se vai ter condições de pagar as suas dívidas até o final.
As duas medidas, na análise dos lojistas, mostram que o governo quer elevar as vendas e, como consequência, a produção. Mas tanto a linha de crédito para expandir as vendas de eletrodomésticos como a medida que possibilita o desconto do financiamento no contracheque do trabalhador vão acabar atendendo somente aos brasileiros que estão hoje fora do mercado de consumo.
"São medidas para os excluídos. O impacto é mais sócio-econômico do que econômico", afirma Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). "Linha de crédito de R$ 200 milhões ou de até US$ 1 bilhão não refresca. Não vai impulsionar a economia brasileira", diz.
Para os economistas da Fecomercio SP, as medidas anunciadas pelo governo são positivas, já que buscam atender às classes de menor poder aquisitivo. "Mas não terão impacto nas vendas porque o consumidor não tem disposição para comprar", afirma Oiram Corrêa, economista da Fecomercio. "O consumidor está orientado a pagar o que deve, e não a assumir novas dívidas", completa Fábio Silveira, economista da MB Associados.
(FÁTIMA FERNANDES)


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