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Para professor, efeito só é certo a curto prazo
DA REPORTAGEM LOCAL
As medidas de incentivo ao
consumo anunciadas pelo governo devem desafogar a indústria,
mas não terão efeito a longo prazo
se não forem seguidas de uma política eficiente para o setor.
A opinião é do pesquisador e
economista Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Leia trechos da entrevista concedida à Folha.
(MP)
Folha - O governo anunciou medidas de incentivo ao consumo. Como isso pode influenciar a política
industrial?
Fernando Sarti - Acho que essa é
uma atitude muito mais de desespero, que você toma em situações
onde há uma queda muito acentuada na produção e no emprego.
É a UTI: ressuscitar o morto para depois ver o tratamento, que é a
política industrial. Pensar política
industrial não é só olhar o consumo. Há que pensar em investimento, reestruturação patrimonial. São questões muito mais amplas do que a retomada.
Agora, só dará para pensar nisso quando o defunto estiver de pé.
Folha - Essas medidas eram necessárias nesse momento?
Sarti - Sim, mas não suficientes.
Esse é um setor [eletrodomésticos] que é muito sensível a financiamentos. Como medida de última instância, foi necessária, mas
não pode parar por aí.
Por outro lado, também precisa
ver se as pessoas vão se sentir incentivadas a se endividar, com as
expectativas negativas quanto à
renda e ao emprego. Só o financiamento talvez não seja suficiente para aumentar o consumo dos
produtos.
Folha - Pode-se esperar uma explosão de compras de eletrodomésticos no final do ano, já que o
consumo está reprimido?
Sarti - Sim. Mas a bolha de consumo não traz novos investimentos e às vezes rebate negativamente na balança comercial, aumentando importações de bens acabados e componentes.
Vem colocar os alicerces para
um fortalecimento para médio e
longo prazo, mas não pode ficar
só nisso.
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