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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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Para professor, efeito só é certo a curto prazo

DA REPORTAGEM LOCAL

As medidas de incentivo ao consumo anunciadas pelo governo devem desafogar a indústria, mas não terão efeito a longo prazo se não forem seguidas de uma política eficiente para o setor.
A opinião é do pesquisador e economista Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Leia trechos da entrevista concedida à Folha. (MP)
 

Folha - O governo anunciou medidas de incentivo ao consumo. Como isso pode influenciar a política industrial?
Fernando Sarti -
Acho que essa é uma atitude muito mais de desespero, que você toma em situações onde há uma queda muito acentuada na produção e no emprego.
É a UTI: ressuscitar o morto para depois ver o tratamento, que é a política industrial. Pensar política industrial não é só olhar o consumo. Há que pensar em investimento, reestruturação patrimonial. São questões muito mais amplas do que a retomada.
Agora, só dará para pensar nisso quando o defunto estiver de pé.

Folha - Essas medidas eram necessárias nesse momento?
Sarti -
Sim, mas não suficientes. Esse é um setor [eletrodomésticos] que é muito sensível a financiamentos. Como medida de última instância, foi necessária, mas não pode parar por aí.
Por outro lado, também precisa ver se as pessoas vão se sentir incentivadas a se endividar, com as expectativas negativas quanto à renda e ao emprego. Só o financiamento talvez não seja suficiente para aumentar o consumo dos produtos.

Folha - Pode-se esperar uma explosão de compras de eletrodomésticos no final do ano, já que o consumo está reprimido?
Sarti -
Sim. Mas a bolha de consumo não traz novos investimentos e às vezes rebate negativamente na balança comercial, aumentando importações de bens acabados e componentes.
Vem colocar os alicerces para um fortalecimento para médio e longo prazo, mas não pode ficar só nisso.


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