São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003 |
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CURTO-CIRCUITO Investidores teriam tido informações antes do acordo com a AES CVM e BNDES crêem em vazamento
HUMBERTO MEDINA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O presidente do BNDES, Carlos Lessa, disse ontem achar bastante provável ter havido vazamento de informações sobre o acordo do banco com a AES, controladora da Eletropaulo. "Percebo, pela valorização das ações [da Eletropaulo], que, sim, é bastante provável que tenha havido vazamento", disse, em audiência pública na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. A mesma opinião foi apresentada pelo presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Luiz Cantidiano. Com base nas investigações da CVM -que fiscaliza o mercado financeiro-, Cantidiano disse que "a conclusão, ainda preliminar, é que possa ter havido vazamento de informações" sobre o acordo. Cantidiano, que também prestou depoimento na comissão, mostrou dados que indicam uma valorização expressiva das ações da Eletropaulo nas semanas que antecederam o anúncio do acordo, divulgado oficialmente dia 8. Entre 1º de agosto e o último dia 8, as ações da Eletropaulo tiveram valorização de 59,55%. No mesmo período, as ações que compõem o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) subiram 22,24%, e o índice composto por ações de empresas do setor elétrico, 30,10%. Cantidiano disse aos deputados que a CVM está investigando o caso e pediu à Bovespa informações sobre quem comprou ações da Eletropaulo, e ao BNDES e à AES, os nomes dos funcionários que estavam envolvidos diretamente nas negociações, mesmo os de outras empresas, como escritórios de advocacia, envolvidas na negociação. A CVM também pediu ao banco e à controladora da Eletropaulo detalhes de como se desenvolveu o acordo. Também participaram da audiência na comissão o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho, o presidente da Eletropaulo, Eduardo Bernini, e o diretor financeiro do BNDES, Roberto Timótheo da Costa. A audiência tratava sobre a possibilidade de vazamento de informações sobre o acordo. O acordo O BNDES selou acordo preliminar para renegociar a dívida de US$ 1,2 bilhão da AES Corp. Em 1998 e 2000, a empresa americana pegou empréstimos do banco relacionados à compra da Eletropaulo, mas deixou de pagar parte da dívida em janeiro deste ano. Para recuperar o dinheiro, o banco ameaçou leiloar as ações da Eletropaulo dadas em garantia. Pelo acordo, o BNDES desiste de leiloar a Eletropaulo, que atende 14 milhões de consumidores no Estado de São Paulo. Em troca, torna-se dono de metade das ações de uma nova companhia que controlará os principais ativos da AES no Brasil -avaliados pelo acordo em US$ 600 milhões. A empresa americana, no entanto, terá o controle da nova companhia. Texto Anterior: Crise no ar: Varig e TAM assinam acordo para a fusão Próximo Texto: Órgão apurará valorização de ações da Varig Índice |
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