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INVESTIGAÇÃO
Segundo documentos, remessas foram antes e depois de seus bens ficarem indisponíveis; CPI o intimou para hoje
Ex-diretor da Unimed SP enviou R$ 2,5 mi ao Uruguai
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico José Ricardo Savioli,
ex-diretor da Unimed São Paulo,
enviou R$ 2,5 milhões para o exterior, por meio de contas CC5 (de
não-residentes), no mesmo mês
em que a cooperativa, por conta
de dificuldades financeiras, sofreu
intervenção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Em 21 de dezembro de 2000,
quando foi decretada a intervenção, os bens de Savioli e dos outros diretores da Unimed São
Paulo foram bloqueados pela
ANS. Duas remessas, que somam
R$ 1 milhão, foram feitas após o
bloqueio dos bens do médico.
O advogado Pedro Dallari, que
representa Savioli, informou ontem à noite que as operações são
legais e constam do Imposto de
Renda do médico.
As remessas de recursos de Savioli foram descobertas pela CPI
do Banestado, que investiga a utilização de contas CC5 para a prática de evasão de divisas. Parte das
transações financeiras investigadas é produto de operações de lavagem de dinheiro.
Savioli foi intimado para prestar
depoimento hoje à CPI do Banestado. Segundo Dallari, ele levará
documentos que atestam que as
operações são regulares.
Segundo documentos obtidos
pela Folha, Savioli fez cinco remessas de dinheiro para o exterior, todas pelo Banco Araucária e
destinadas ao Banco Surinvest, no
Uruguai (onde não há controle rígido sobre o fluxo de capitais).
O Banco Surinvest foi citado na
CPI do Narcotráfico como usado
por traficantes de drogas em operações de lavagem de dinheiro.
As três primeiras remessas de
Savioli, de R$ 500 mil cada uma,
foram feitas nos dias 18, 19 e 20 de
dezembro de 2000. No dia seguinte, 21 de dezembro, foi decretada a
intervenção na empresa e a indisponibilidade dos bens do médico.
Depois disso, porém, já com os
bens indisponíveis, Savioli mandou mais R$ 1 milhão para o Uruguai, em duas remessas de R$ 500
mil cada uma, feitas nos dias 22 e
26 de dezembro de 2000.
Intervenção
Quando da intervenção na Unimed São Paulo, a ANS nomeou
um diretor fiscal para acompanhar as atividades da empresa. Ele
poderia ter elaborado um plano
de recuperação financeira para a
cooperativa, mas, por entender
que isso não era possível, sugeriu
a decretação da liquidação extrajudicial da Unimed São Paulo
-processo semelhante à falência.
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