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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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INVESTIGAÇÃO

Segundo documentos, remessas foram antes e depois de seus bens ficarem indisponíveis; CPI o intimou para hoje

Ex-diretor da Unimed SP enviou R$ 2,5 mi ao Uruguai

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O médico José Ricardo Savioli, ex-diretor da Unimed São Paulo, enviou R$ 2,5 milhões para o exterior, por meio de contas CC5 (de não-residentes), no mesmo mês em que a cooperativa, por conta de dificuldades financeiras, sofreu intervenção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Em 21 de dezembro de 2000, quando foi decretada a intervenção, os bens de Savioli e dos outros diretores da Unimed São Paulo foram bloqueados pela ANS. Duas remessas, que somam R$ 1 milhão, foram feitas após o bloqueio dos bens do médico.
O advogado Pedro Dallari, que representa Savioli, informou ontem à noite que as operações são legais e constam do Imposto de Renda do médico.
As remessas de recursos de Savioli foram descobertas pela CPI do Banestado, que investiga a utilização de contas CC5 para a prática de evasão de divisas. Parte das transações financeiras investigadas é produto de operações de lavagem de dinheiro.
Savioli foi intimado para prestar depoimento hoje à CPI do Banestado. Segundo Dallari, ele levará documentos que atestam que as operações são regulares.
Segundo documentos obtidos pela Folha, Savioli fez cinco remessas de dinheiro para o exterior, todas pelo Banco Araucária e destinadas ao Banco Surinvest, no Uruguai (onde não há controle rígido sobre o fluxo de capitais).
O Banco Surinvest foi citado na CPI do Narcotráfico como usado por traficantes de drogas em operações de lavagem de dinheiro.
As três primeiras remessas de Savioli, de R$ 500 mil cada uma, foram feitas nos dias 18, 19 e 20 de dezembro de 2000. No dia seguinte, 21 de dezembro, foi decretada a intervenção na empresa e a indisponibilidade dos bens do médico.
Depois disso, porém, já com os bens indisponíveis, Savioli mandou mais R$ 1 milhão para o Uruguai, em duas remessas de R$ 500 mil cada uma, feitas nos dias 22 e 26 de dezembro de 2000.

Intervenção
Quando da intervenção na Unimed São Paulo, a ANS nomeou um diretor fiscal para acompanhar as atividades da empresa. Ele poderia ter elaborado um plano de recuperação financeira para a cooperativa, mas, por entender que isso não era possível, sugeriu a decretação da liquidação extrajudicial da Unimed São Paulo -processo semelhante à falência.


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