São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Mercado financeiro prevê hoje primeiro corte dos juros americanos desde 2003

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

O mercado financeiro espera que o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) corte a sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de hoje. Há 15 meses ela está em 5,25% ao ano e, se confirmada tal expectativa, será a primeira redução desde junho de 2003.
Uma minoria de especialistas aposta que a diminuição pode chegar a 0,5 ponto. "Mas não há motivo para o Fed ser tão ousado. Creio que o mais provável é que corte em 0,25 ponto e espere para ver a reação", diz Alfredo Coutino, economista sênior da Moody's Economist.com.
"Até porque o Fed ainda está muito atento à inflação. Existe risco de alta de preços com uma redução mais agressiva", completa Greg McBride, analista da consultoria Bankrate.com.
O mais importante é que, servindo ao objetivo de deixar claro que a entidade está pronta para intervir quando necessário, uma subtração de 0,25 ponto deve acalmar um pouco os ânimos. "A idéia é restaurar a confiança", diz Coutino, na opinião de quem os juros vão terminar 2007 em 4,75%.
Instituições financeiras e investidores ficaram bastante nervosos com a crise no mercado de hipotecas "subprime" (destinadas a pessoas que não têm emprego ou renda fixos): a elevação dos juros entre 2004 e 2006 fez subir demais as parcelas dos empréstimos imobiliários e, como as casas se desvalorizaram, os mutuários não puderam renegociar e começaram a ficar inadimplentes. Ruim para as empresas que lhes deram crédito fácil e abundante, pior para quem financiou essas empresas, seja colocando dinheiro diretamente nelas ou comprando títulos garantidos pelas hipotecas.
Várias financeiras anunciaram não ter condições de honrar compromissos, demitiram, deixaram de conceder crédito. A fim de impedir quebradeira, o Fed reduziu sua taxa de redesconto (para empréstimos a bancos). Ontem, pôs mais US$ 16,75 bilhões no sistema e elevou o total injetado nas últimas semanas para US$ 40 bilhões.
A atuação do Fed, no entanto, é alvo de críticas. Há quem pense que o órgão não tem obrigação de socorrer empresas que adotaram estratégias perigosas e que, agindo assim, pode estimular outras a seguirem o mesmo caminho.


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