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DESENVOLVIMENTO
Investimentos migrarão para emergentes, diz órgão da ONU
DE GENEBRA
A crise econômica mudou
o panorama do investimento
direto internacional, inflando a fatia dos países em desenvolvimento para 43% do
total, afirmou o diretor da
Unctad (braço da ONU para
Comércio e Desenvolvimento), Supachai Panitchpakdi,
ao apresentar em Genebra o
relatório anual da entidade
sobre investimento.
A tendência é que essa
equalização continue a avançar, puxada sobretudo pelo
desempenho do setor agrícola -menos afetado pela crise
do que outras atividades econômicas. "Esperamos que os
países em desenvolvimento
continuem aumentando sua
participação", disse Panitchpakdi ontem.
E os Brics (Brasil, Rússia,
Índia e China), segundo a
Unctad, devem se tornar um
destino preferencial.
Mas o levantamento, que
avalia ainda as políticas adotadas para mitigar a crise,
prevê que os fluxos de investimentos continuem a cair
neste ano, de US$ 1,7 trilhão
para menos de US$ 1,2 trilhão, e comecem a se recuperar apenas em 2010 -mas
lentamente. Retomada mesmo só em 2011, diz a Unctad.
As perdas desta vez virão
para todos os países. Em
2008, o declínio foi puxado
pelos ricos, que perderam
29% dos investimentos diretos -as grandes economias
da União Europeia tiveram o
pior desempenho. Em contrapartida, a África viu o fluxo crescer 63%, e a América
do Sul, 28% -no Brasil, subiu 30%, atrás apenas do
Chile (33%) e da Argentina
(37%) na região.
Mas são os números desses mesmos países no primeiro trimestre deste ano
que dão pista da perda esperada: no Brasil, houve queda
de 40% na comparação com
o mesmo período de 2008 e
de 63% ante o trimestre anterior. Na Argentina, a queda
sobre 2008 foi de mais de
50%, embora tenha havido
recuperação modesta sobre
outubro-dezembro.
Ressaltando o papel da
agricultura nesse rebalanço,
o relatório defende a participação de empresas transnacionais nos países em desenvolvimento. Mas aponta riscos no processo, como a perda de empregos e a criação de
vínculos de dependência dos
produtores com as empresas. Sem se aprofundar, alerta ainda para o "apoderamento de terras" pelas grandes empresas.
(LC)
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