São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DESENVOLVIMENTO

Investimentos migrarão para emergentes, diz órgão da ONU

DE GENEBRA

A crise econômica mudou o panorama do investimento direto internacional, inflando a fatia dos países em desenvolvimento para 43% do total, afirmou o diretor da Unctad (braço da ONU para Comércio e Desenvolvimento), Supachai Panitchpakdi, ao apresentar em Genebra o relatório anual da entidade sobre investimento.
A tendência é que essa equalização continue a avançar, puxada sobretudo pelo desempenho do setor agrícola -menos afetado pela crise do que outras atividades econômicas. "Esperamos que os países em desenvolvimento continuem aumentando sua participação", disse Panitchpakdi ontem.
E os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo a Unctad, devem se tornar um destino preferencial.
Mas o levantamento, que avalia ainda as políticas adotadas para mitigar a crise, prevê que os fluxos de investimentos continuem a cair neste ano, de US$ 1,7 trilhão para menos de US$ 1,2 trilhão, e comecem a se recuperar apenas em 2010 -mas lentamente. Retomada mesmo só em 2011, diz a Unctad.
As perdas desta vez virão para todos os países. Em 2008, o declínio foi puxado pelos ricos, que perderam 29% dos investimentos diretos -as grandes economias da União Europeia tiveram o pior desempenho. Em contrapartida, a África viu o fluxo crescer 63%, e a América do Sul, 28% -no Brasil, subiu 30%, atrás apenas do Chile (33%) e da Argentina (37%) na região.
Mas são os números desses mesmos países no primeiro trimestre deste ano que dão pista da perda esperada: no Brasil, houve queda de 40% na comparação com o mesmo período de 2008 e de 63% ante o trimestre anterior. Na Argentina, a queda sobre 2008 foi de mais de 50%, embora tenha havido recuperação modesta sobre outubro-dezembro.
Ressaltando o papel da agricultura nesse rebalanço, o relatório defende a participação de empresas transnacionais nos países em desenvolvimento. Mas aponta riscos no processo, como a perda de empregos e a criação de vínculos de dependência dos produtores com as empresas. Sem se aprofundar, alerta ainda para o "apoderamento de terras" pelas grandes empresas. (LC)


Texto Anterior: OCDE prevê desemprego e "geração perdida"
Próximo Texto: Rodada Doha: Representante dos EUA diz que momento não favorece acordo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.