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Empresas e bancos já acionam advogados
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os escritórios de advocacia
têm recebido grande número
de consultas tanto de empresas
como de acionistas, que tentam
entender como poderão ser
ressarcidos das perdas referentes a operações financeiras com
câmbio. Os bancos também
têm procurado os grandes escritórios para defender a vigência dos contratos assinados.
Nas últimas semanas, diversas empresas reconheceram
prejuízos que impactarão seus
resultados finais e, conseqüentemente, a distribuição de dividendos e o valor de suas ações
na Bolsa de Valores. Os três
maiores prejuízos foram reportados por Votorantim, Aracruz
e Sadia que, juntas, perderam
quase US$ 5 bilhões.
"Tive mais de 40 consultas,
nas últimas três semanas, sobre
interpretação de estatutos e
procurações de diretores, análises de abertura de contas em
bancos, entre outras demandas", diz Pierre Moreau, sócio
do Moreau-Advogados, especializado em direito societário.
"Além de demandas referentes
a empresas de capital aberto,
também há pedidos de esclarecimentos para companhias fechadas."
Até agora, no entanto, as consultas resultaram em poucos
processos. Isso porque, antes
de ir à Justiça, há um caminho
legal a ser cumprido pelos acionistas. Muitas empresas, prevêem os advogados, também
buscarão resolver os contenciosos em tribunais arbitrais,
mais rápidos e especializados
do que o Judiciário brasileiro.
O investidor que se sentir
prejudicado deverá tentar, na
assembléia de acionistas, fazer
com que a empresa inicie uma
ação de responsabilidade. Nela,
será verificado o papel do administrador nas perdas.
"É preciso verificar se o diretor teve excesso de mandato, ou
seja, se ele tinha alçada para
contrair a dívida de determinado tamanho", afirma Moreau.
"Também é investigado se ele
agiu em benefício próprio ou se
foi imperícia, para que novas
medidas possam ser tomadas."
Em algumas empresas, as
perdas resultaram na criação
de regimentos internos e políticas de exposição a risco.
Segundo o sócio de um dos
maiores escritórios de advocacia do país, que prefere não se
identificar, a decisão sobre as
perdas estará nas mãos do Judiciário porque não há precedentes para o que aconteceu
nas últimas semanas.
Para ele, é possível entender
tanto os argumentos dos bancos como os das empresas que
contrataram as operações cambiais. Os contratos, afirma,
eram padrões, corretos e aprovados pela BM&F e pela Cetip
(Balcão Organizado de Ativos e
Derivativos). Alertavam para
os riscos das operações -inerentes a contratos de derivativos cambiais- e não tinham
"malandragem", segundo ele.
Já as empresas também têm
razão, diz o advogado, ao argumentar que o contrato é desequilibrado. Nesse tipo de operação, caso o real se valorizasse,
a empresa teria ganhos. Mas, se
o inverso acontecesse, pagaria
duas vezes a perda, sem limite
de prejuízo.
Segundo ele, o desequilíbrio
poderá ter apelo com juízes
não-familiarizados com os riscos do mercado financeiro.
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