São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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CVM exigirá mais transparência sobre derivativos

DA SUCURSAL DO RIO

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai exigir das companhias de capital aberto informações mais abrangentes sobre o uso dos chamados derivativos nos balanços relativos ao terceiro trimestre deste ano.
É uma reação ao anúncio de empresas que tiveram prejuízos bilionários com apostas na manutenção do dólar baixo -e que sofreram com o "salto" na cotação da moeda americana nas últimas semanas.
Entre as que perderam e já anunciaram o tamanho do prejuízo estão Votorantim (R$ 2,2 bilhões), Aracruz (R$ 1,95 bilhão) e Sadia (R$ 760 milhões). São empresas que recebem grande volume de dólares por meio de exportações e que utilizam o mercado de derivativos para se proteger contra variações bruscas da moeda americana.
Diante de um cenário anterior de forte queda da cotação do dólar, e estimuladas por instrumentos financeiros que proporcionavam lucros expressivos, parte dessas empresas passou a apostar no "dólar fraco" no mercado futuro. Com a virada na cotação, tiveram perdas expressivas. Especialistas estimam que as perdas possam chegar a R$ 40 bilhões.
A deliberação 550 da CVM, editada ontem, que prevê o detalhamento das operações com derivativos, só será aplicável ao balanço encerrado em 30 de setembro. As empresas que já enviaram à CVM as informações trimestrais terão que reapresentá-las, com as adaptações necessárias, até o dia 14 de novembro.
Muitos especialistas consideram insuficientes as informações enviadas pelas empresas, em seus balanços trimestrais, sobre as operações com derivativos. Em documento divulgado ontem, o órgão fiscalizador das companhias de capital aberto no país endossa tal opinião -e afirma que haverá aperfeiçoamento nas normas daqui para frente.
"A CVM considera que, no geral, o conteúdo informativo das notas explicativas sobre instrumentos financeiros derivativos que vêm sendo produzidas pelas companhias poderia ser aperfeiçoado e promoverá, no processo de adequação das demonstrações aos padrões internacionais de contabilidade, a melhoria desse conteúdo", diz a nota.
A CVM está recomendando ainda que as companhias divulguem análises de sensibilidade de suas posições em instrumentos derivativos, fornecendo a seus acionistas e ao mercado uma avaliação mais precisa do risco assumido nessas operações.


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