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Construção de casas cai 6% nos EUA
Novos dados reforçam análises de que a maior economia do mundo caminha para uma recessão
Índice S&P 500, da Bolsa de NY, oscila 28 vezes entre os territórios positivo e negativo e fecha o dia com desvalorização de 0,62%
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Uma nova bateria de más notícias na economia não-financeira e o conselho de um dos
homens mais ricos do mundo
dizendo que é a hora de comprar ações voltaram a sacudir
os mercados nos EUA, levando
a mais um dia de fortes oscilações na Bolsa de Nova York.
Um dos principais índices do
mercado, o S&P 500, chegou a
oscilar 28 vezes entre o território positivo (subiu até 4%) e o
negativo. Ao final, fechou com
queda de 0,62%. O Dow Jones
também terminou o dia em baixa, de 1,41%, assim como a Nasdaq, que caiu 0,37%.
Na semana, o S&P 500 terminou com alta de 4,6%, mas ainda acumula queda de 35,95%
no ano. O Dow Jones subiu
4,8% nesta semana, a primeira
em que o índice fechou em alta
nas últimas cinco. Foi a maior
alta semanal do índice desde
março de 2003.
Entre as novas más notícias,
o governo dos EUA anunciou
ontem que o ritmo de construção de novas residências no
país caiu 6,3% em setembro.
Foi a maior queda desde janeiro de 1991, quando um rigoroso
inverno derrubou o indicador.
Foi o segundo pior resultado
desde que o governo começou a
acompanhar o dado, em 1947.
O resultado afetou principalmente as ações de empresas diretamente ligadas ao setor e de
outras companhias fornecedoras de equipamentos. Os papéis
da fabricante de tratores Caterpillar, por exemplo, caíram
mais de 7% após a divulgação,
pelo Departamento do Comércio, do dado sobre residências.
Já uma pesquisa da agência
de notícias Reuters e da Universidade de Michigan revelou
que a confiança do consumidor
americano caiu neste mês ao
nível mais baixo desde 1952.
Recessão
O presidente do Fed (o banco
central norte-americano) regional de Chicago, Charles
Evans, declarou ontem que a
economia dos EUA está "muito
lenta" e que as recentes notícias sobre demissões no país
podem ser consideradas "precursoras" de uma recessão.
O mercado financeiro, no entanto, ganhou alguma confiança e força por algumas horas
ontem depois que o bilionário
Warren Buffett publicou um
artigo no "New York Times"
em que defende a compra de
ações de empresas norte-americanas, como ele vem fazendo
(leia texto ao lado).
Contrariando o recente comportamento de manada do
mercado, Buffett afirmou também que "as más notícias são as
melhores amigas dos investidores, pois permitem comprar
um pedaço do futuro da América a preço baixo".
No curto prazo, no entanto, o
mercado ainda parece distante
de alcançar uma tendência
mais definida.
Ao longo da semana, o índice
S&P 500 chegou a registrar, na
segunda-feira, alta de 12%, o
maior ganho desde a década de
1930.
Dois dias depois, o índice formado por 500 empresas sofreu
a maior queda desde o crash de
1987, embalado pela notícia de
recuo nas vendas no comércio
em setembro.
A semana também registrou
um marco na crise atual, o que
só reforçou a expectativa de
uma recessão econômica que já
é considerada certa por muitos
analistas: pela primeira vez em
16 anos, os Estados Unidos registraram um trimestre (de julho a setembro) de queda nas
vendas do comércio.
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