São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Construção de casas cai 6% nos EUA

Novos dados reforçam análises de que a maior economia do mundo caminha para uma recessão

Índice S&P 500, da Bolsa de NY, oscila 28 vezes entre os territórios positivo e negativo e fecha o dia com desvalorização de 0,62%

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

Uma nova bateria de más notícias na economia não-financeira e o conselho de um dos homens mais ricos do mundo dizendo que é a hora de comprar ações voltaram a sacudir os mercados nos EUA, levando a mais um dia de fortes oscilações na Bolsa de Nova York.
Um dos principais índices do mercado, o S&P 500, chegou a oscilar 28 vezes entre o território positivo (subiu até 4%) e o negativo. Ao final, fechou com queda de 0,62%. O Dow Jones também terminou o dia em baixa, de 1,41%, assim como a Nasdaq, que caiu 0,37%.
Na semana, o S&P 500 terminou com alta de 4,6%, mas ainda acumula queda de 35,95% no ano. O Dow Jones subiu 4,8% nesta semana, a primeira em que o índice fechou em alta nas últimas cinco. Foi a maior alta semanal do índice desde março de 2003.
Entre as novas más notícias, o governo dos EUA anunciou ontem que o ritmo de construção de novas residências no país caiu 6,3% em setembro. Foi a maior queda desde janeiro de 1991, quando um rigoroso inverno derrubou o indicador.
Foi o segundo pior resultado desde que o governo começou a acompanhar o dado, em 1947.
O resultado afetou principalmente as ações de empresas diretamente ligadas ao setor e de outras companhias fornecedoras de equipamentos. Os papéis da fabricante de tratores Caterpillar, por exemplo, caíram mais de 7% após a divulgação, pelo Departamento do Comércio, do dado sobre residências.
Já uma pesquisa da agência de notícias Reuters e da Universidade de Michigan revelou que a confiança do consumidor americano caiu neste mês ao nível mais baixo desde 1952.

Recessão
O presidente do Fed (o banco central norte-americano) regional de Chicago, Charles Evans, declarou ontem que a economia dos EUA está "muito lenta" e que as recentes notícias sobre demissões no país podem ser consideradas "precursoras" de uma recessão.

O mercado financeiro, no entanto, ganhou alguma confiança e força por algumas horas ontem depois que o bilionário Warren Buffett publicou um artigo no "New York Times" em que defende a compra de ações de empresas norte-americanas, como ele vem fazendo (leia texto ao lado).
Contrariando o recente comportamento de manada do mercado, Buffett afirmou também que "as más notícias são as melhores amigas dos investidores, pois permitem comprar um pedaço do futuro da América a preço baixo".
No curto prazo, no entanto, o mercado ainda parece distante de alcançar uma tendência mais definida.
Ao longo da semana, o índice S&P 500 chegou a registrar, na segunda-feira, alta de 12%, o maior ganho desde a década de 1930.
Dois dias depois, o índice formado por 500 empresas sofreu a maior queda desde o crash de 1987, embalado pela notícia de recuo nas vendas no comércio em setembro.
A semana também registrou um marco na crise atual, o que só reforçou a expectativa de uma recessão econômica que já é considerada certa por muitos analistas: pela primeira vez em 16 anos, os Estados Unidos registraram um trimestre (de julho a setembro) de queda nas vendas do comércio.


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