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Por que as empresas brasileiras que nada têm a ver com as origens da crise tiveram prejuízos milionários?
Empresas entram no mercado de derivativos para se protegerem de perdas, enquanto os
especuladores assumem os riscos para ganhar. Sadia, Aracruz
e Votorantim -entre muitas
outras, teme-se- acabaram
participando de uma tentativa
de fazer as duas coisas.
Embora o nome cause estranheza, derivativos fazem parte
do cotidiano de quem faz, por
exemplo, o seguro de um automóvel. O dono do carro não
quer sair mais rico do negócio;
quer simplesmente uma operação que, se for preciso, renderá
dinheiro suficiente para cobrir
possíveis prejuízos de sua atividade de motorista. É o que se
chama de hedge.
Na outra ponta da operação,
está um especulador apostando
que o carro não será batido
nem roubado, a seguradora. Se
a aposta estiver correta, ela ficará com o prêmio pago pelo
dono do carro.
Os demais derivativos podem ser mais complexos, mas
seguem os mesmos princípios.
Empresas exportadoras, com
receita em dólar, buscam se
proteger de uma desvalorização vendendo a moeda americana no mercado futuro por
uma cotação considerada razoável. Se o dólar mudar de patamar, a perda em receita será
compensada pelo derivativo.
Como o dólar caía sem parar,
os bancos passaram a oferecer
às empresas operações que
prometiam ganhos superiores
ao necessário para cobrir riscos
de perdas. O que era hedge virou especulação. E dava lucro,
até a crise provocar uma alta
inesperada do dólar -que, se
não for revertida, poderá revelar mais empresas no jogo e
perdas maiores.
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